Natura confirma compra da Avon e cria grupo avaliado em US$ 11 bilhões
A fabricante brasileira de cosméticos Natura confirmou, em comunicado ao mercado, a compra da concorrente norte-americana Avon por aproximadamente US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões), criando um grupo avaliado em US$ 11 bilhões (cerca de R$ 44,5 bilhões). Os valores levam em conta o fechamento das ações na véspera.
A operação será feita por meio da troca de ações entre as duas companhias. A Natura vai controlar cerca de 76% do grupo, e o restante será detido pelos acionistas da Avon. A transação precisa ser aprovada pelos acionistas de ambas as empresas, bem como por autoridades de combate à concentração de mercado. A conclusão da operação é esperada para o começo de 2020.
Segundo o comunicado, este será o "o quarto maior grupo exclusivo de beleza no mundo", com faturamento bruto anual superior a US$ 10 bilhões, mais de 6,3 milhões de representantes e consultoras, 3.200 lojas, mais de 40 mil colaboradores e presença em cem países.
O que acontece com as marcas?
O comunicado divulgado pelas empresas não informa se as marcas Natura e Avon continuarão operando de forma separada, nem se haverá algum tipo de mudança em relação ao portfólio de produtos ou na relação com os consumidores.
Quando a Natura assumiu as operações da The Body Shop, as duas continuaram existindo de forma independente, sem a venda de produtos da Natura em lojas da Body Shop (ou vice-versa).
Expansão da Natura
Em 2013, a Natura comprou a australiana Emeis Holdings, fabricante de produtos de beleza premium, que opera sob a marca Aesop.
Em junho de 2017, anunciou a compra de 100% da Body Shop, que pertencia à francesa L'Oreal, numa operação de cerca de 1 bilhão de euros.
Ações da Natura saltam mais de 9%
As ações da Natura (NATU3) fecharam em alta de 9,43%, a R$ 61,50, na maior valorização do dia na Bolsa brasileira.
As ações da Avon saltaram cerca de 9% na Bolsa de Nova York (EUA), cotadas a US$ 3,49.
Após o fechamento do negócio, as ações de Natura Holding S.A. serão listadas na Bolsa brasileira (B3), com 55% do capital em circulação, além de ADRs listadas na Bolsa de Nova York. Os acionistas da Avon terão a opção de receber ADRs negociados nos EUA ou ações listadas na B3.
Analistas destacam 'sinergia' entre as marcas
Segundo analistas do BTG Pactual, a transação vai adicionar complexidade ao modelo de negócios da Natura, que já está enfrentando a recuperação dos negócios da The Body Shop. Os analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi afirmaram que dada a similaridade dos modelos de negócios de ambas as empresas, altamente expostos à venda direta, "sinergias potenciais podem surgir".
Henara Matache, analista do Brasil Plural, afirmou que há "uma série de desafios relacionados ao apelo da marca Avon e às suas operações logísticas", já que a companhia norte-americana "passou por tempos difíceis em todos os seus principais mercados e pode precisar de investimentos para revitalizar suas operações em todo o mundo, ao mesmo tempo em que a Natura têm que manter o seu plano de reestruturação em curso para a marca The Body Shop".
Apesar disso, Matache afirmou em nota a clientes que as sinergias que podem resultar da combinação das duas empresas "devem superar o lado negativo dos investimentos necessários e contribuir diretamente com o objetivo maior da companhia de se tornar uma marca verdadeiramente global".
Em comunicado, as empresas disseram estimar sinergias entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões anuais, que devem ser parcialmente reinvestidas para aumentar a "presença nos canais digitais e mídias sociais, em pesquisa e desenvolvimento, iniciativas de marca e expansão da presença geográfica do grupo."
Setor teve leve alta em 2018
Segundo dados da empresa de pesquisas Euromonitor International, as vendas do setor de produtos de beleza e cuidados pessoais alcançaram R$ 109,7 bilhões em 2018, uma alta real (descontada a inflação) de 1,53%.
A Natura manteve a liderança. O Grupo Boticário deixou para trás a Unilever e assumiu o segundo lugar no ranking.
(Com Reuters)
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