Ex-gerente do BB terá de pagar R$ 2,5 mi por desviar dinheiro de clientes
Uma ex-gerente do Banco do Brasil em Lindóia do Sul (SC) foi condenada por desviar quase R$ 827 mil da conta de 11 clientes, segundo auditoria feita pelo próprio BB. Com a correção monetária e a multa, impostas pela justiça, ela terá que devolver R$ 2,48 milhões à instituição bancária.
A defesa da condenada não permitiu a divulgação de seu nome e afirmou que vai recorrer da decisão.
Segundo a Justiça, a ex-gerente também não pode fazer qualquer contrato com o poder público nos próximos dez anos. Os crimes que cometeu, de acordo com a condenação, foram de improbidade administrativa e danos ao erário.
Desvios para cobrir dívidas do marido
Na ação civil pública, de autoria do próprio banco, consta que os crimes ocorreram entre os anos de 2009 e 2016, quando o antigo Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) passou para o Banco do Brasil, e a funcionária foi promovida de caixa executivo para gerente de serviços.
O banco informou que a ex-gerente admitiu os desvios e alegou ter usado o dinheiro para cobrir dívidas da loja de motos do marido, em Concórdia, e para depósitos em contas pessoais, segundo a sentença. Ao assumir os crimes, ela foi afastada do cargo e pediu demissão, afirma a sentença.
Os valores desviados foram estornados aos correntistas do BB, segundo os depoimentos. Por isso, os R$ 2,48 milhões da condenação à ex-gerente deverão ser remetidos diretamente ao banco.
Usava senha do gerente geral
Segundo o processo, uma das formas de cometer os crimes era receber os depósitos, estornar o valor e usar o dinheiro para quitar compromissos pessoais.
Para as transações mais altas, a funcionária usava a senha do gerente geral do banco. Ele, no entanto, não teve participação nos crimes, de acordo com a Justiça. Durante uma auditoria, a funcionária foi flagrada por câmeras de segurança fazendo transferência de valor com a senha do colega, "enquanto este atendia outro cliente", de acordo com a sentença judicial.
A ex-gerente também alterava relatórios dos saldos de caixa para esconder os desvios, segundo depoimentos de outros funcionários do banco.
Total dos desvios: R$ 826.757,27
Clientes lesados afirmaram, em depoimento à Justiça, que ela não fornecia comprovantes de depósito alegando que "não precisava e que estava tudo certo" e que, às vezes, "entregava os extratos ou as cadernetas do Besc anotado a mão", segundo a decisão.
Clientes também relataram que ela não permitia acompanhar o rendimento das aplicações que faziam.
Em um dos depoimentos, um correntista disse que a bancária retirou dinheiro de sua conta sem autorização. Quando entregava a ela um montante para ser aplicado, ficava sem resposta sobre o investimento.
"Ela sempre lhe dizia que iria aplicar de uma melhor forma, mas que não sabe se [a gerente] fazia as aplicações", diz a sentença. O cliente relatou retirada em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil da conta, sem seu consentimento.
Outra vítima, segundo a justiça, afirmou ter entregue R$ 40 mil para investir e a bancária garantiu que iria aplicar "em uma poupança que gerava mais juros", mas que, quando conversou com o gerente do banco, ele informou não existir esse tipo de juro. A correntista disse que os R$ 40 mil não estavam mais na conta.
Em outro caso, uma correntista declarou ter recebido R$ 50 mil de herança da mãe. Quando foi sacar, notou que R$ 2.000 haviam sumido da conta e, posteriormente, também não encontrou os R$ 48 mil restantes.
No total, houve a subtração de R$ 826.757,27 das contas correntes, de acordo com a Justiça.
A juíza Letícia Bodanese Rodegheri, da comarca de Ipumirim, aplicou correção monetária e multa de duas vezes o valor do dano: R$ 1.653.514,54. Somadas as duas quantias, chega-se ao valor total da condenação: R$ 2.480.271,81.
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