Guedes revela conversa com Bolsonaro sobre MP: "Tira isso, estou apanhando"
O ministro da Economia, Paulo Guedes, contou em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" como foi a conversa com o presidente Jair Bolsonaro, que resultou no anúncio da revogação de um trecho que previa a suspensão dos salários por quatro meses na MP (Medida Provisória) 927.
"Houve um mal-entendido. Começou todo mundo a bater e dizer que estão tirando do trabalhador. O presidente virou e disse: 'Tira isso daí, está dando mais confusão do que solução'. Ele ligou para mim e perguntou. 'PG, o que está havendo?' Eu falei que a era uma coisa boa, mas não normatizou'. Eu disse, presidente, ainda não está redondo. Ele disse: 'Tira, porque eu estou apanhando muito. Vocês arredondam e depois mandam'. Politicamente, ele fez certo. Foi uma precipitação mandar sem estar definido", disse Guedes.
O ministro afirmou que o problema com forte repercussão na internet e no meio político aconteceu porque o texto da MP estava "mal redigido". De acordo com Guedes, o erro foi não incluir uma contrapartida do governo aos trabalhadores na MP, feita para contemplar o período da pandemia do coronavírus.
"Toda vez que dá confusão, você anula. Editou, deu essa confusão, anula, tira o artigo 18. Mas tinha um pedaço que foi mal redigido. A gente queria proteger os trabalhadores de demissão. Aí, os caras não entendem que estamos tentando dar uma flexibilidade para os trabalhadores não serem demitidos. Faltou colocar a suplementação salarial", afirmou Guedes.
O ministro também disse que não houve quebra de hierarquia no anúncio das medidas, e não responsabilizou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, pela repercussão negativa.
"Vocês têm sempre esse negócio de 'passaram por cima', não existe isso. O time é unido, é legal. É uma mente doentia. Vocês veem todo mundo brigando com todo mundo. É horrível isso. Não tem nada disso. Bianco é um cara doce. Não quis passar em cima de ninguém", disse.
Guedes também explicou que Bianco está estudando as futuras medidas para complemento salarial em algumas áreas que serão mais afetadas pela paralisação.
"Nos setores normais, pode ser que caia 50% (do salário) e aí a gente teria que dar um estímulo de 25% (do salário). Tem setores que a queda é abissal, como bares, restaurantes, hotelaria, estão caindo demais. Talvez a empresa só consiga pagar um terço (do salário). Se ele conseguir pagar um terço, aí a gente convocaria outros 33% (do salário). Nos setores que foram atingidos demais a gente acaba ajudando mais. Como a empresa não aguenta pagar 50%, ele vai pagar um terço. Aí, a gente paga um terço. Não perde tanto. O que estamos estudando é uma suplementação salarial. Esses números estavam sendo feitos", afirmou.
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