Mesmo com dia ruim no mercado, BC não deve subir juros, dizem economistas
A forte queda da Bolsa brasileira e o aumento no preço do dólar hoje podem levar algumas pessoas a se perguntar se caberia ao Banco Central aumentar os juros. Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que o sobe e desce das Bolsas e moedas não são motivo para o BC subir a taxa Selic (taxa básica de juros). A decisão sobre os juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do BC sai na noite desta quarta-feira (28).
O economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, afirmou que o Copom tem como missão garantir a estabilidade do poder de compra das famílias brasileiras. Em cada reunião, os diretores do BC avaliam o ambiente econômico, com o objetivo de manter a inflação controlada, e tomam as decisões sobre os juros projetando os efeitos em um prazo entre 12 e 18 meses à frente.
Segundo Freitas, com a inflação de 2020 controlada —a inflação acumula alta de 3,52% nos últimos 12 meses, abaixo da meta de 4%— e as projeções para 2021 e 2022 próximas das metas, o BC não deve alterar a taxa de juros na reunião de hoje.
O BC não vai tomar uma decisão hoje influenciado pela volatilidade do mercado. O que ele pode fazer é intervir no mercado de câmbio para evitar uma distorção no preço do dólar. Para isso, ele tem reservas e outros instrumentos. Mas o BC não toma decisões no calor da emoção. Além disso, um aumento de juros hoje só teria efeitos reais na economia depois de seis meses.
Carlos Eduardo de Freitas, economista e ex-diretor do BC
Ainda segundo Freitas, em períodos de instabilidade econômica, os investidores compram dólar em busca de segurança —o que faz a cotação subir por causa da maior procura.
BC deve fechar a porta para mais queda de juros
Mesmo sem tomar decisões sobre juros focado em momentos de forte oscilação de preços, o BC pode sinalizar, no comunicado que divulga após sua reunião, que houve uma piora do ambiente econômico internacional e que não há espaço para uma eventual redução dos juros, disse Freitas.
O BC deve fechar a porta, que estava um pouquinho aberta, para queda de juros. Devem comunicar que o Brasil precisa fazer as reformas fiscais para equilibrar as contas públicas e alertar para os riscos do abandono da responsabilidade fiscal.
Carlos Eduardo de Freitas, economista e ex-diretor do BC
Dólar alto não tem afetado inflação
O economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, declarou que as oscilações bruscas nas Bolsas de Valores e nos preços das moedas observadas nos últimos dias foram motivadas pelo aumento de casos de coronavírus na Europa e nos Estados Unidos. Além disso, a proximidade das eleições presidenciais norte-americanas também traz mais nervosismo aos investidores.
No Brasil temos uma encruzilhada. Ou avançamos no caminho das reformas ou o ambiente econômico deve piorar bastante. Temos um componente interno negativo, mas o ambiente internacional tem afetado mais o mercado hoje. Mas o BC não deve subir os juros porque a inflação está controlada.
Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria
Segundo Campos Neto, uma eventual alta de juros pelo BC só ocorreria se a alta do dólar estivesse afetando os preços de produtos e serviços no Brasil. Como isso não tem ocorrido, diante da alta taxa de desemprego, que reduz o número de consumidor com dinheiro para gastar, o Copom não deve subir os juros.
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