Bolsonaro leva MP da Eletrobras ao Congresso: 'Queremos enxugar o Estado'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi a pé até o Congresso Nacional, na noite de hoje (23), fazer a entrega da MP (Medida Provisória) que trata da privatização da Eletrobras. Ele chegou ao local junto com outros ministros, como Bento Albuquerque, de Minas e Energia, em meio a tumulto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também participou da cerimônia, mas não discursou.
A MP, que permite que o BNDES inicie estudos sobre a desestatização da companhia, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Em rápido discurso, Bolsonaro falou sobre a vontade de seu governo de reduzir o Estado. "Nós queremos, sim, enxugar o Estado para que a nossa economia possa dar a resposta que a sociedade necessita", afirmou ele.
A MP foi entregue por Bolsonaro e sua comitiva ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). "É uma demonstração, um gesto, de respeito ao Congresso, e nós agradecemos. Vamos manter a relação de respeito e independência entre os Poderes", afirmou Pacheco.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, que estava presente na cerimônia simbólica, segue sem dar entrevista à imprensa desde que o presidente Bolsonaro interveio na Petrobras, na semana passada.
Horas antes da entrega da MP ao Congresso, o presidente da Câmara afirmou que a medida viria com golden share — ação de classe especial que garante à União poder de veto em questões estratégicas —, além de uma democratização de gestão e injeção de capital
A Medida Provisória "autoriza início do procedimento necessário para viabilizar futura desestatização da Eletrobras e de suas subsidiárias, com exceção da Eletronuclear e de Itaipu Binacional". Caso seja concluída a desestatização, a MP autoriza ainda "a celebração de novos contratos de concessão de geração de energia sob titularidade direta ou indireta da Eletrobras, pelo prazo de trinta anos".
"A capitalização da Eletrobras é essencial para fazer com que o Brasil volte a crescer e é também fundamental para um setor elétrico que precisa de investimentos. Isso contribuirá para o abastecimento presente e futuro de toda a cadeia produtiva, a preços competitivos, porque a energia elétrica é insumo básico para a indústria, agricultura e serviços", afirmou o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
"Pura enrolação"
Nas redes sociais, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) reagiu à cerimônia de entrega da MP no Congresso. "MP da Eletrobras é pura enrolação", escreveu, nas redes sociais, o ex-presidente da Câmara, minutos depois do ato simbólico.
Em seguida, o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) rebateu fala de Maia: "Enrolação foi o que você fez sentando nos projetos e MPs por dois anos, atrasando todo o Brasil".
Interferência na Petrobras
O movimento de Bolsonaro em relação à Eletrobras ocorre poucos dias depois de o presidente indicar o general Joaquim Silva e Luna para o comando de outra estatal, a Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco. A escolha do governo, porém, precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras.
O mercado reagiu à interferência de Bolsonaro com mau humor: em dois dias, a Petrobras perdeu R$ 102 bilhões em valor de mercado. Nesta terça-feira, no entanto, as ações da petroleira voltaram a subir.
Lista de privatizações
Após reação do mercado, Bolsonaro publicou decreto nesta terça-feira (23) com uma lista de empreendimentos que foram incorporados à reunião do conselho do PPI no início de dezembro, conforme registrou o jornal "Folha de S.Paulo".
O ato é uma liberação fundamental para dar sequência à concessões e desestatizações. As próximas fases envolvem contratação de estudos, audiências públicas, Tribunal de Contas da União, edital e leilão.
A lista inclui a concessão de aeroportos como Congonhas e Santos Dumont e a desestatização da Codeba (Companhia Docas da Bahia), que administra os portos de Salvador, Aratu e Ilhéus.
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