Eletrobras pede explicações ao governo após Bolsonaro ameaçar interferência
A Eletrobras pediu ontem esclarecimentos ao MME (Ministério de Minas e Energia) sobre uma fala dada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no último sábado (20), que disse que vai "meter o dedo" na energia elétrica, ameaçando interferir no setor em que a estatal opera.
Logo no início da carta, divulgada pelo portal Metrópoles, Elvira Cavalcanti Presta, diretora Financeira e de Relações com Investidores da Eletrobras, que assina o documento, lembrou que a empresa possui "ações listadas na B3 e nas bolsas de valores de Nova York e Madri".
"Assim, tanto a companhia quanto suas subsidiárias necessitam observar determinadas obrigações legais no que diz respeito à divulgação de informações que possam ser consideradas relevantes", afirmou.
A fala de Bolsonaro foi dada um dia depois do chefe do Executivo federal anunciar uma troca no comando da Petrobras, que mexeu com a Bolsa. Na ocasião, a apoiadores em Brasília, o presidente chamou a questão da energia elétrica de "problema".
"Assim como eu dizia que queriam me derrubar [da Presidência] na pandemia pela economia fechando tudo, agora resolveram me atacar na energia", disse.
No início do mês, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone, afirmou que estimativas indicavam que, se nada fosse feito, a conta de luz dos brasileiros poderia subir 13% em 2021.
O UOL entrou em contato com a Eletrobras para solicitar acesso ao documento na íntegra, mas a estatal disse que "não vai divulgar a carta". Também contatado pelo UOL, o MME disse que "não se pronunciará" sobre.
Ainda sim, a Eletrobras enviou para o UOL o comunicado endereçado aos seus acionistas. Na carta enviada ao mercado, a estatal afirmou ter pedido esclarecimentos ao MME sobre uma "possível edição de Medida Provisória para acelerar o processo de privatização da companhia".
Falando ao UOL sobre a carta enviada ao ministério, a Eletrobras afirmou que, por ser uma empresa de capital aberto, é obrigada a "monitorar o comportamento das ações da empresa em bolsa de valores".
"Sempre que saem notícias que afetam as ações, a companhia tem, portanto, o dever fiduciário de perguntar ao controlador (MME) se há informações relevantes que devam ser divulgadas ao mercado", esclareceu.
Na carta, Elvira alertou que a divulgação de questões importantes sobre a estatal "por meios inadequados pode provocar oscilações indevidas das ações da Eletrobras no mercado, na medida em que este precifica rapidamente qualquer informação relevante recebida".
Para embasar o pedido de esclarecimentos, a diretora mencionou a manchete de três notícias: uma que fala sobre a empresa estar operando em queda na Bolsa de Valores, outra sobre a fala de Bolsonaro em si e, por último, uma sobre a edição da Medida Provisória.
Após a fala de Bolsonaro, analistas do Credit Suisse reduziram a recomendação para as ações da empresa. "Uma afirmação que pode ter muitas implicações", disseram em relatório sobre a fala do presidente.
A recomendação para as ações preferenciais da Eletrobras passou para "neutra", de "outperform", enquanto para os papéis ordinários passou de "neutra" para "underperform". Os preços-alvo foram cortados de R$ 40,20 para R$ 32 e de R$ 39,60 para R$ 28,30, respectivamente.
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