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Conselho da Petrobras anuncia assembleia para definir troca de presidente

Com a saída de Roberto Castello Branco, outros sete membros deixarão o Conselho de Administração da Petrobras - Sérgio Moraes/Reuters
Com a saída de Roberto Castello Branco, outros sete membros deixarão o Conselho de Administração da Petrobras Imagem: Sérgio Moraes/Reuters

Do UOL, em São Paulo

23/02/2021 19h37Atualizada em 23/02/2021 20h46

O Conselho de Administração da Petrobras autorizou hoje a convocação de uma assembleia geral extraordinária para oficializar a saída do atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e de mais sete membros do colegiado, como prevê a lei, além de discutir nomeação do general Joaquim Silva e Luna, indicado para o comando da companhia pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em fato relevante, a Petrobras informou que a assembleia também servirá para eleger oito novos membros do Conselho de Administração, bem como o presidente do colegiado, cargo hoje ocupado pelo almirante Eduardo Bacellar. Ele será o responsável por definir a data da reunião.

A estatal acrescentou ainda que o Conselho "continuará a zelar com rigor pelos padrões de governança" da companhia, inclusive no que diz respeito às políticas de preços dos combustíveis, e reforçou que Castello Branco e os demais membros da Diretoria Executiva têm mandato vigente até 20 de março de 2021.

"A indicação [de Silva e Luna] será submetida ao processo de análise de gestão e integridade da companhia e objeto de análise pelo Comitê de Pessoas", disse a estatal.

Ex-diretor-geral de Itaipu Binacional, Silva e Luna foi anunciado por Bolsonaro como novo presidente da Petrobras na última sexta-feira (19). Seu nome ainda precisa ser analisado pelo Conselho de Administração da companhia para ser aprovado.

Mais cedo, o presidente Bolsonaro classificou como "infundadas" as acusações de que estaria tentando interferir na companhia ao indicar o general. Ele também negou haver "briga" com a Petrobras, mas cobrou transparência e previsibilidade quanto aos reajustes nos preços dos combustíveis.

"Nós não temos uma briga com a Petrobras. Nós queremos, sim, que cada vez mais ela possa nos dar transparência e previsibilidade. Não precisamos esconder reajustes ou seja lá o que for no que integra o preço final dos combustíveis", disse o presidente durante cerimônia no Palácio do Planalto.

É natural que, quando se tem um prazo para acabar um mandato, ele [presidente] seja reconduzido ou outro seja colocado em seu lugar. Saiu um bom gestor [Castello Branco] e está entrando um excelente gestor, no caso, Silva e Luna. Jair Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto

Críticas a Castello Branco

Apesar de ter adotado um tom diferente hoje, Bolsonaro já criticou Castello Branco por estar trabalhando remotamente desde o início da pandemia, como recomendam as autoridades sanitárias, e questionou o salário do presidente da Petrobras — que, ainda que seja alto se comparado ao ganho médio do brasileiro, está abaixo do que é praticado no mundo corporativo.

"O atual presidente da Petrobras está há 11 meses de casa, sem trabalhar. Trabalha de forma remota. O chefe tem de estar na frente, bem como seus diretores. Isso para mim é inadmissível. Descobri isso faz poucas semanas", disse Bolsonaro ontem, em conversa com apoiadores.

Depois, ele ainda perguntou ao grupo se sabiam quanto ganha um presidente da Petrobras. Ao ouvir "R$ 50 mil", rebateu com outra pergunta: "R$ 50 mil por semana?".

O salário médio dos presidentes de companhias abertas que compõem o Ibovespa — ou seja, as principais empresas do mercado — foi de R$ 11,3 milhões em 2019, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo. Roberto Castello Branco ganhou R$ 2,7 milhões naquele ano, um quarto do valor médio. Em bases mensais, a remuneração média dá um salário de R$ 940 mil por mês, enquanto o presidente da Petrobras ganhou "apenas" R$ 226 mil.

(Com Estadão Conteúdo)