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Deputado diz que ofereceram R$ 15 milhões por voto em PEC dos precatórios

O deputado Celso Maldaner (MDB-SC) afirmou que valor foi comentado por colega antes da votação - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O deputado Celso Maldaner (MDB-SC) afirmou que valor foi comentado por colega antes da votação Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Anna Satie e Fabrício de Castro

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

05/11/2021 16h09Atualizada em 05/11/2021 16h14

O deputado Celso Maldaner (MDB-SC) afirmou que ofereceram R$ 15 milhões em emendas parlamentares para quem votasse a favor da PEC dos precatórios, aprovada em primeiro turno na madrugada de ontem. A declaração foi feita em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo e confirmada pelo UOL.

Maldaner disse que esse valor foi comentado por um colega de partido que é vice-líder de governo. Ele não confirmou o nome dessa pessoa, mas o único vice-líder de governo do MDB é o deputado Lúcio Mosquini (RO). Ao Estadão, Mosquini negou ter negociado a liberação de emendas em troca de votos.

"Infelizmente, meu colega nega, mas falou na bancada", disse Maldaner ao UOL.

O deputado foi um dos 144 que votaram contra a proposta. Nas redes sociais, ele chamou a proposta de "PEC do calote" e disse que os recursos para programas sociais têm de vir de "corte de privilégios do alto escalão".

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) liberou R$ 1 bilhão em emendas três dias antes da votação da PEC dos Precatórios, segundo um levantamento feito pela ONG Contas Abertas.

O movimento, considerado atípico, ocorreu em um momento em que a base do governo na Câmara dos Deputados lutava para conseguir apoio para aprovar a PEC, que abre espaço para o lançamento do Auxílio Brasil, o programa social que substituirá o Bolsa Família.

O governo pretende pagar R$ 400 de auxílio a cerca de 17 milhões de famílias até o fim de 2022, ano em que Bolsonaro tenta a reeleição.

Instrumento polêmico

As emendas do relator geral do Orçamento são um instrumento que têm gerado polêmica dentro e fora do Congresso. Por meio delas, o relator do Orçamento consegue direcionar recursos a parlamentares que apoiam propostas do governo.

A liberação dos recursos, no entanto, depende do Executivo. Daí o instrumento ser utilizado às vésperas de votações importantes.