Sindicato do BC: Reajuste apenas a policiais nos obriga a uma greve
O presidente do Sinai (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), Fábio Faiad, disse hoje, em entrevista ao UOL News, que o reajuste salarial anunciado pelo governo Bolsonaro apenas a policiais praticamente obriga a categoria a decretar estado de greve.
"Se o governo disser: 'olha, os policiais vão ter reajuste, e vocês vão ficar a ver navios', praticamente nos obriga a ter uma greve em fevereiro ou março", disse.
Palavras de ordem contra o ministro Paulo Guedes (Economia) e gritos de "fora, Bolsonaro" marcaram ato esvaziado em que servidores públicos federais reivindicaram, ontem, em Brasília, aumento salarial de até 28%.
À tarde, o protesto reuniu cerca de 400 integrantes de 50 categorias do funcionalismo público federal em frente à pasta comandada por Guedes. Pela manhã, o protesto foi em frente ao Banco Central e reuniu aproximadamente 300 pessoas.
Faiad citou a pandemia de covid-19 como justificativa para o protesto tímido. "Fizemos dois tipos de paralisação: alguns em frente do Banco Central, outros que estão remotamente ficaram sem trabalhar. Foi uma adesão superior a 50%", disse.
Governo incendeia protestos
O representante dos servidores do BC ainda disse ao UOL News que o governo federal "joga gasolina no incêndio" ao anunciar reajuste apenas para policiais. "É real o risco de greve, mas admito que não é desejável. O ideal é a negociação, desejamos que não haja radicalização", afirmou.
Faiad não descarta acionar o STF (Supremo Tribunal Federal). "Vamos ter que avaliar com o jurídico. No primeiro momento, esse reajuste só para policiais traz indignação aos servidores. É uma política de estado, não de governo. Não é porque grupos apoiam o presidente, que o reajuste será só para eles", completa.
Todas as categorias defendem aumento de salário, de forma geral. Mas os detalhes variam. Os funcionários do BC pedem, segundo Faiad: Reajuste de 26,3%, além de reestruturação da carreira de analistas e técnicos do órgão; a mudança da previdência dos funcionários do Banco Central; e reconhecimento das atividades como sendo de Estado.
Os servidores aguardam até final deste mês posicionamento do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre uma contraproposta.
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