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Mega-Sena: Quanto rende prêmio de R$ 80 milhões em poupança e CDB?

Reinaldo Canato/UOL
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Henrique Santiago

Do UOL, em São Paulo

23/03/2022 17h45Atualizada em 01/04/2022 12h58

Após pagar o quinto maior prêmio regular da história no último fim de semana, a Mega-Sena retorna nesta quarta-feira (23) com um novo sorteio estimado em R$ 80 milhões. Quanto essa fortuna pode render em apenas um mês?

O UOL conversou com Jhon Wine, educador financeiro da Dsop e vice-presidente da Abefin (Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira), que traz opções de investimento mais proveitosas do que a poupança. Os cálculos consideram os juros e a inflação de hoje. Se a situação mudar, os ganhos também serão alterados.

O valor do prêmio divulgado pela Caixa já inclui o desconto de 30% da alíquota de Imposto de Renda, ou seja, o vencedor da Mega-Sena receberá os R$ 80 milhões líquidos.

Poupança dá pouco mais de R$ 500 mil

A caderneta de poupança é uma saída considerada segura, ainda que conservadora, por especialistas em finanças. A rentabilidade da poupança é de 0,63%, como divulgado pelo BC (Banco Central) na segunda-feira (21).

A aplicação de R$ 80 milhões nessa modalidade rende ganhos mensais de R$ 504 mil.

Para Wine, o valor é interessante se considerar os muitos milhões de reais pagos na Mega-Sena, mas a caderneta de poupança fica atrás de títulos públicos do Tesouro Direto e de bancos.

"A poupança tem vantagens como liquidez diária e o resgate a qualquer momento, mas a rentabilidade é a menor das rendas fixas" declara.

Tesouro Selic e CDB: R$ de 592 mil a R$ 600 mil

Para efeito de comparação, investir R$ 80 milhões no Tesouro Selic, um título do governo atrelado à taxa básica de juros, a Selic hoje em 11,75%, ou em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) que rende 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), emitido por bancos, oferece ganhos superiores.

Na prática, o investidor empresta dinheiro para o governo (Tesouro Direto) e para instituições financeiras (CDB) e recebe juros por isso. São indicadas para quem tem objetivos de curto prazo e pode fazer resgates diários.

As duas opções têm rendimentos mensais muito parecidos: o Tesouro Selic atualmente dá retorno de 0,74% e o CDB com 100%, dá 0,75%. Veja abaixo:

Tesouro Selic: R$ 592 mil por mês
CDB com 100% do CDI: R$ 600 mil por mês

Quem compra títulos públicos tem a garantia de pagamento pelo governo federal, independentemente do valor.

Os títulos de CDB são cobertos em até R$ 250 mil pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), uma entidade privada que protege depositantes e investidores no âmbito do Sistema Financeiro Nacional. Isso oferece uma garantia para o investidor caso a instituição financeira declare falência — o que é uma possibilidade remota, diz Wine.

Entretanto, uma parcela muito pequena do prêmio de R$ 80 milhões seria coberta por esse seguro.

"Para grandes valores [como o prêmio da Mega-Sena], o Tesouro Selic é uma opção melhor, ainda que tenha um rendimento um pouco menor. O governo é obrigado a te devolver o dinheiro, claro que nas condições de juros do momento."

Tesouro IPCA tem ganhos de R$ 832 mil ao mês

No caso de um projeto de longo prazo, o Tesouro IPCA é indicado pelo especialista em finanças. Esse título está atrelado ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação brasileira, atualmente em 10,54% no acumulado de 12 meses.

O governo disponibiliza opções desse título com vencimentos que vão de 2026 (mínimo) a 2055 (máximo). Com o rendimento atual em 1%, o Tesouro IPCA com resgate em 2055 rende R$ 832 mil por mês.

Vale lembrar que o Tesouro Direto limita as aplicações mensais a R$ 1 milhão por investidor.

"É um tipo de investimento para quem pensa em uma renda passiva. O investidor pode fazer aplicação e resgatar antes do tempo? Pode, mas o objetivo principal não é esse, porque está suscetível a um ajuste de taxas e, com isso, perder dinheiro."

Mesmo com todas essas opções, Jhon Wine diz que o mais recomendado é que o investidor aplique seu dinheiro, sobretudo grandes quantias, em mais de um título.

"O ideal é ter uma carteira de investimentos diversificada e equilibrada de acordo com seus projetos", finaliza.