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Rainha, sheik e faraó: Sasha e Portugal já caíram em golpes com criptomoeda

Golpistas de criptomoedas movem bilhões de reais - UOL
Golpistas de criptomoedas movem bilhões de reais Imagem: UOL

Felipe Oliveira

Colaboração para o UOL

17/08/2022 04h00Atualizada em 17/08/2022 17h22

O crescente interesse das pessoas em investir em criptomoedas tem criado situações propícias para a aplicação de supostos golpes. No Brasil, inúmeras histórias já viralizaram, algumas delas envolvendo famosos que alegaram ter caído em fraudes.

As operações aparentemente irregulares com criptomoedas movimentaram bilhões de reais e levaram a Polícia Federal a deflagrar operações para prender os acusados. Conheça histórias de possíveis golpes com criptomoedas:

sasha e portugal - UOL - UOL
Sasha e Rafael Portugal já caíram nos golpes da criptomoeda
Imagem: UOL

Faraó dos Bitcoins

Um dos personagens mais famosos de supostos golpes com criptomoedas é Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins". Ex-garçom de um badalado restaurante em Búzios (RJ) —onde recebia salário de R$ 800 —e ex-pastor da Igreja Universal, Glaidson começou a apresentar grandes movimentações em sua conta bancária em 2017, quando ainda vivia na Praia da Siqueira, bairro pobre de Cabo Frio (RJ).

O primeiro alerta para a Polícia Federal veio depois que Glaidson movimentou R$ 18 milhões. Antes disso, em agosto de 2017, ele adquiriu um imóvel de R$ 380 mil em um moderno edifício da cidade.

Dono da GAS Consultoria, Glaidson Acácio dos Santos foi detido pela PF - Reprodução / TV Globo - Reprodução / TV Globo
Dono da GAS Consultoria, Glaidson Acácio dos Santos foi detido pela PF
Imagem: Reprodução / TV Globo

Nessa época, ele já era proprietário da GAS Consultoria, empresa que oferecia rendimento de 10% ao mês com a compra de criptomoedas. Com esse suposto rendimento, ele atraiu mais de 67 mil clientes, alguns deles até de fora do Brasil. Segundo as investigações, o valor pago aos investidores dependia dos depósitos de novos clientes — uma espécie de pirâmide.

Em seis anos, o Faraó dos Bitcoins se tornou dono de quatro empresas que, juntas, somam capitais de R$ 136 milhões. O empresário foi preso em agosto de 2021, durante a operação Kryptos, acusado de lavagem de dinheiro e de comandar um esquema bilionário de pirâmide financeira.

Para se ter uma ideia dos prejuízos causados, um advogado de Campos dos Goytacazes (RJ) afirma ter investido R$ 1,15 milhão entre janeiro e maio de 2021. A Justiça bloqueou R$ 5,1 milhões da conta de Glaidson.

Mesmo preso, o Faraó dos Bitcoins continuou movimentando dinheiro. Segundo relatório da Receita Federal, foram cerca de R$ 228 milhões em transações realizadas pela advogada Eliane Medeiros de Lima, usada como laranja.

Ele também é acusado de tentativa e coautoria de homicídio, com objetivo de "eliminar a concorrência".

Recentemente, ele anunciou em sua conta no Instagram, com mais de 38 mil seguidores, a pré-candidatura a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Ele nega que tenha cometido irregularidades.

Rafael Portugal afirma que perdeu R$ 1,2 milhão

O ator e humorista Rafael Portugal e sua esposa entraram na Justiça alegando que foram vítimas do Faraó dos Bitcoins. O casal afirma ter investido R$ 1,2 milhão em criptomoedas.

Humorista Rafael Portugal no MTV Miaw 2022 - Patrícia Devoraes/Brazil News - Patrícia Devoraes/Brazil News
Humorista Rafael Portugal no MTV Miaw 2022
Imagem: Patrícia Devoraes/Brazil News

Portugal acreditou na promessa de lucro de 10% ao mês e depositou os investimentos entre agosto de 2020 e março de 2021 na conta da empresa.

Em nota, a assessoria de imprensa do ator afirma que o casal tinha "diversos contratos" com a empresa GAS, "justamente por acreditar que a empresa investia de verdade em criptomoedas".

"Confiamos nas pessoas que nos apresentaram à empresa como uma possibilidade de investimento e assim fizemos", afirma o texto.

O ator e a esposa não suspeitaram da empresa porque, segundo eles, receberam pagamentos desde o primeiro contrato. "Prova disso é que demoramos a distribuir o processo judicial", diz outro trecho da nota.

Corretor das Celebridades

Outro acusado de estar envolvido no esquema junto com Glaidson é Michael de Souza Magno, conhecido como "Corretor das Celebridades". Magno é apontado como um dos principais operadores financeiros da GAS Consultoria Bitcoin.

Michael de Souza Magno, segundo a polícia, é "Corretor das Celebridades" - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Michael de Souza Magno, segundo a polícia, é conhedico como corretor das celebridades
Imagem: Reprodução/Instagram

Um documento da Polícia Federal obtido pelo jornal "O Globo" indica que não há vínculo formal entre o corretor e Glaidson, mas a Polícia Federal diz que Michael era ligado ao casal Tunay Pereira Lima e Marcia Pinto dos Anjos, sócios de Glaidson —e presos no mesmo dia em que o ex-garçom.

O relatório também traz um trecho que mostra que Magno falava sobre a possibilidade de o Faraó dos Bitcoins fugir do Brasil.

Sheik das Criptomoedas

Outro personagem é o "Sheik das Criptomoedas". Ex-vendedor de aquários, Francisley Valdevino da Silva, também conhecido como Francis, fundou uma startup chamada Cripto Intergalaxy em 2016, além de outros cem CNPJs nos anos seguintes.

Francis Silva, o Sheik das criptomoedas, acusado de dar golpe em Sasha Meneghel - Reprodução/Record - Reprodução/Record
Francis Silva, o Sheik das Criptomoedas, acusado de dar golpe em Sasha Meneghel
Imagem: Reprodução/Record

Acusado de ter um esquema parecido com o de Glaidson, Francisley ofereceria lucros de até 13,5% ao mês.

Um levantamento feito pelo site Infomoney mostra que as mais de 500 ações na Justiça contra as empresas do Sheik das Criptomoedas chegam a R$ 100 milhões.

Há quase dois anos, ele responde a uma ação coletiva no valor de R$ 4 milhões. Mais de 20 investidores de Apucarana (PR) acusam Francisley de enganá-los em um esquema de pirâmide.

O Sheik das Criptomoedas alega que delegou a gestão do aluguel de bitcoins a terceiros para se dedicar a outros ramos de atuação do grupo, sem saber das taxas de juros oferecidas aos clientes, e que investe agora no blockchain, que facilita o processo de registro de transações e o rastreamento de ativos em uma rede empresarial, para assim ressarcir os clientes.

Recentemente, Francis teve um imóvel comercial em Curitiba, avaliado em R$ 2,2 milhões, e um jatinho de R$ 79 milhões bloqueados pela Justiça. Uma mansão que está com cinco bloqueios judiciais estaria à venda por R$ 64,5 milhões.

Sasha diz que caiu em um golpe

Sasha Meneghel e o marido dela, João Figueiredo, foram clientes do Sheik das Criptomoedas e afirmam que perderam R$ 1,2 milhão.

Inicialmente, o cantor gospel teria investido R$ 50 mil em criptomoedas e, após receber o pagamento pontual dos juros prometidos, teria convencido Sasha a aplicar.

Sasha e o marido, João Figueiredo - Samuel Chaves/Brazil News - Samuel Chaves/Brazil News
Sasha e o marido, João Figueiredo
Imagem: Samuel Chaves/Brazil News

Um vídeo divulgado pelo jornal O Globo mostrou Sasha e o marido em uma luxuosa lancha ao lado de Francis —as imagens foram feitas pelo casal antes do processo.

Rainha das Criptomoedas

A búlgara Ruja Ignatova ficou conhecida no Brasil como "Rainha das Criptomoedas". A empresária entrou no mercado prometendo que sua criptomoeda, OneCoin, seria a "assassina do Bitcoin" e ajudaria os investidores a aumentar seus rendimentos em até dez vezes, o que elevou a sua popularidade.

Ruja Ignatova em evento promovido pela OneCoin em Londres antes de ficar foragida  - Divulgação/Department of Justice US - Divulgação/Department of Justice US
Ruja Ignatova em evento promovido pela OneCoin em Londres antes de se tornar foragida
Imagem: Divulgação/Department of Justice US

No entanto, autoridades identificaram fraudes e lavagem de dinheiro por trás dos negócios dela.

Ruja sugeria às vítimas enviar fundos para contas OneCoin e ganhar recompensas pela compra de pacotes de criptomoedas sem valor, disse o FBI (Departamento Federal de Investigação, em português).

Há um mandado de prisão contra ela nos EUA e uma acusação pelo Tribunal Distrital de Nova York, feita em outubro de 2017.

Ruja se tornou uma das dez fugitivas mais procuradas pelo FBI. Ela também é procurada pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal, em português) em 194 países, segundo a BBC.

Ela pintou os cabelos e fez plásticas no rosto, especialmente no nariz, na mandíbula, nas bochechas e nos lábios, segundo o jornal alemão "Bild", para ficar ainda mais difícil de ser encontrada e se escondeu no Mar Mediterrâneo.

O FBI passou a oferecer uma recompensa de US$ 100 mil (equivalente a R$ 532,9 mil) por informações que ajudem a levar Ruja Ignatova à prisão.

Estima-se que ela tenha uma fortuna avaliada em 4 bilhões de euros (R$ 21 bilhões).