Rainha, sheik e faraó: Sasha e Portugal já caíram em golpes com criptomoeda
O crescente interesse das pessoas em investir em criptomoedas tem criado situações propícias para a aplicação de supostos golpes. No Brasil, inúmeras histórias já viralizaram, algumas delas envolvendo famosos que alegaram ter caído em fraudes.
As operações aparentemente irregulares com criptomoedas movimentaram bilhões de reais e levaram a Polícia Federal a deflagrar operações para prender os acusados. Conheça histórias de possíveis golpes com criptomoedas:
Faraó dos Bitcoins
Um dos personagens mais famosos de supostos golpes com criptomoedas é Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins". Ex-garçom de um badalado restaurante em Búzios (RJ) —onde recebia salário de R$ 800 —e ex-pastor da Igreja Universal, Glaidson começou a apresentar grandes movimentações em sua conta bancária em 2017, quando ainda vivia na Praia da Siqueira, bairro pobre de Cabo Frio (RJ).
O primeiro alerta para a Polícia Federal veio depois que Glaidson movimentou R$ 18 milhões. Antes disso, em agosto de 2017, ele adquiriu um imóvel de R$ 380 mil em um moderno edifício da cidade.
Nessa época, ele já era proprietário da GAS Consultoria, empresa que oferecia rendimento de 10% ao mês com a compra de criptomoedas. Com esse suposto rendimento, ele atraiu mais de 67 mil clientes, alguns deles até de fora do Brasil. Segundo as investigações, o valor pago aos investidores dependia dos depósitos de novos clientes — uma espécie de pirâmide.
Em seis anos, o Faraó dos Bitcoins se tornou dono de quatro empresas que, juntas, somam capitais de R$ 136 milhões. O empresário foi preso em agosto de 2021, durante a operação Kryptos, acusado de lavagem de dinheiro e de comandar um esquema bilionário de pirâmide financeira.
Para se ter uma ideia dos prejuízos causados, um advogado de Campos dos Goytacazes (RJ) afirma ter investido R$ 1,15 milhão entre janeiro e maio de 2021. A Justiça bloqueou R$ 5,1 milhões da conta de Glaidson.
Mesmo preso, o Faraó dos Bitcoins continuou movimentando dinheiro. Segundo relatório da Receita Federal, foram cerca de R$ 228 milhões em transações realizadas pela advogada Eliane Medeiros de Lima, usada como laranja.
Ele também é acusado de tentativa e coautoria de homicídio, com objetivo de "eliminar a concorrência".
Recentemente, ele anunciou em sua conta no Instagram, com mais de 38 mil seguidores, a pré-candidatura a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Ele nega que tenha cometido irregularidades.
Rafael Portugal afirma que perdeu R$ 1,2 milhão
O ator e humorista Rafael Portugal e sua esposa entraram na Justiça alegando que foram vítimas do Faraó dos Bitcoins. O casal afirma ter investido R$ 1,2 milhão em criptomoedas.
Portugal acreditou na promessa de lucro de 10% ao mês e depositou os investimentos entre agosto de 2020 e março de 2021 na conta da empresa.
Em nota, a assessoria de imprensa do ator afirma que o casal tinha "diversos contratos" com a empresa GAS, "justamente por acreditar que a empresa investia de verdade em criptomoedas".
"Confiamos nas pessoas que nos apresentaram à empresa como uma possibilidade de investimento e assim fizemos", afirma o texto.
O ator e a esposa não suspeitaram da empresa porque, segundo eles, receberam pagamentos desde o primeiro contrato. "Prova disso é que demoramos a distribuir o processo judicial", diz outro trecho da nota.
Corretor das Celebridades
Outro acusado de estar envolvido no esquema junto com Glaidson é Michael de Souza Magno, conhecido como "Corretor das Celebridades". Magno é apontado como um dos principais operadores financeiros da GAS Consultoria Bitcoin.
Um documento da Polícia Federal obtido pelo jornal "O Globo" indica que não há vínculo formal entre o corretor e Glaidson, mas a Polícia Federal diz que Michael era ligado ao casal Tunay Pereira Lima e Marcia Pinto dos Anjos, sócios de Glaidson —e presos no mesmo dia em que o ex-garçom.
O relatório também traz um trecho que mostra que Magno falava sobre a possibilidade de o Faraó dos Bitcoins fugir do Brasil.
Sheik das Criptomoedas
Outro personagem é o "Sheik das Criptomoedas". Ex-vendedor de aquários, Francisley Valdevino da Silva, também conhecido como Francis, fundou uma startup chamada Cripto Intergalaxy em 2016, além de outros cem CNPJs nos anos seguintes.
Acusado de ter um esquema parecido com o de Glaidson, Francisley ofereceria lucros de até 13,5% ao mês.
Um levantamento feito pelo site Infomoney mostra que as mais de 500 ações na Justiça contra as empresas do Sheik das Criptomoedas chegam a R$ 100 milhões.
Há quase dois anos, ele responde a uma ação coletiva no valor de R$ 4 milhões. Mais de 20 investidores de Apucarana (PR) acusam Francisley de enganá-los em um esquema de pirâmide.
O Sheik das Criptomoedas alega que delegou a gestão do aluguel de bitcoins a terceiros para se dedicar a outros ramos de atuação do grupo, sem saber das taxas de juros oferecidas aos clientes, e que investe agora no blockchain, que facilita o processo de registro de transações e o rastreamento de ativos em uma rede empresarial, para assim ressarcir os clientes.
Recentemente, Francis teve um imóvel comercial em Curitiba, avaliado em R$ 2,2 milhões, e um jatinho de R$ 79 milhões bloqueados pela Justiça. Uma mansão que está com cinco bloqueios judiciais estaria à venda por R$ 64,5 milhões.
Sasha diz que caiu em um golpe
Sasha Meneghel e o marido dela, João Figueiredo, foram clientes do Sheik das Criptomoedas e afirmam que perderam R$ 1,2 milhão.
Inicialmente, o cantor gospel teria investido R$ 50 mil em criptomoedas e, após receber o pagamento pontual dos juros prometidos, teria convencido Sasha a aplicar.
Um vídeo divulgado pelo jornal O Globo mostrou Sasha e o marido em uma luxuosa lancha ao lado de Francis —as imagens foram feitas pelo casal antes do processo.
Rainha das Criptomoedas
A búlgara Ruja Ignatova ficou conhecida no Brasil como "Rainha das Criptomoedas". A empresária entrou no mercado prometendo que sua criptomoeda, OneCoin, seria a "assassina do Bitcoin" e ajudaria os investidores a aumentar seus rendimentos em até dez vezes, o que elevou a sua popularidade.
No entanto, autoridades identificaram fraudes e lavagem de dinheiro por trás dos negócios dela.
Ruja sugeria às vítimas enviar fundos para contas OneCoin e ganhar recompensas pela compra de pacotes de criptomoedas sem valor, disse o FBI (Departamento Federal de Investigação, em português).
Há um mandado de prisão contra ela nos EUA e uma acusação pelo Tribunal Distrital de Nova York, feita em outubro de 2017.
Ruja se tornou uma das dez fugitivas mais procuradas pelo FBI. Ela também é procurada pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal, em português) em 194 países, segundo a BBC.
Ela pintou os cabelos e fez plásticas no rosto, especialmente no nariz, na mandíbula, nas bochechas e nos lábios, segundo o jornal alemão "Bild", para ficar ainda mais difícil de ser encontrada e se escondeu no Mar Mediterrâneo.
O FBI passou a oferecer uma recompensa de US$ 100 mil (equivalente a R$ 532,9 mil) por informações que ajudem a levar Ruja Ignatova à prisão.
Estima-se que ela tenha uma fortuna avaliada em 4 bilhões de euros (R$ 21 bilhões).
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