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Pra que serve o horário de verão? Quando foi criado?

O horário altera o momento em que o pôr do sol acontece - Getty Images
O horário altera o momento em que o pôr do sol acontece Imagem: Getty Images

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL

09/11/2022 04h00

Às 11h do dia 3 de outubro de 1931, todos os relógios do Brasil foram avançados em uma hora. Assim começava o primeiro horário de verão da história do país, decretado pelo então presidente Getúlio Vargas dois dias antes. Hoje, o tema é uma pauta polêmica que gerou até enquete do futuro presidente Lula (PT).

Ao contrário do que muitos pensam, o horário de verão não é invenção brasileira e é adotado por vários países e regiões do mundo. A ideia é do político e cientista norte-americano Benjamim Franklin, no ano de 1784, sendo primeiramente adotada somente no início do século 20, durante a 1ª Guerra Mundial, pela Alemanha, país que precisava economizar os gastos com carvão mineral em razão dos tempos difíceis do combate e dos gastos militares.

Com o tempo, outros países também foram adotando a mudança anual do horário. No Brasil, ele foi primeiramente utilizado no início da década de 1930 pelo governo Vargas, que buscava uma maior economia em tempos de crise econômica mundial.

A partir de 1967, o horário deixou de ser adotado e foi retomado apenas na década de 1980, graças aos problemas de produção de energia nas hidrelétricas. Todavia, a adoção do horário não era padronizada, ou seja, variava em duração e data todos os anos, de forma que sua regulamentação correta ocorreu somente em 2008 durante o governo Lula.

Em 5 de abril de 2019, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que não haveria horário de verão em 2019.

Para que serve o horário de verão?

O objetivo é minimizar a sobrecarga de consumo durante alguns picos diários. As horas de maior consumo de energia do dia (final da tarde) ocorrem quando as pessoas chegam em suas casas e ligam o chuveiro elétrico, a TV e outros equipamentos eletrônicos, aumentando a demanda de energia.

Assim, durante o horário de verão, o maior aproveitamento da luz natural faz com que as lâmpadas de casas, indústrias, espaços comerciais, ruas e espaços públicos sejam ligadas mais tarde, quando o pico de consumo já diminuiu. Dessa forma, evita-se uma sobrecarga do sistema de distribuição de energia.

Fontes governamentais afirmam que a eletricidade economizada durante o período é de cerca de 5%. Os defensores dessa proposta, no entanto, afirmam que essa porcentagem, quando convertida em números absolutos, transforma-se em um montante financeiro elevado, o que, por si só, justificaria a existência do horário de verão.

Por que alguns estados não utilizavam o horário de verão?

Os solstícios de verão apresentam os seus efeitos de forma mais notória nas partes mais afastadas da linha do Equador, haja vista que as zonas equatoriais apresentam poucas variações na duração dos dias e das noites ao longo do ano, o que torna inviável a mudança de horário. Assim, as áreas do território brasileiro mais próximas a essa faixa - no caso, as regiões Norte e Nordeste - não produziriam os efeitos necessários para a alteração no tempo.

Curiosamente, o estado do Acre, que já se encontra em duas horas de atraso em relação a Brasília, passa a ficar com três horas atrasado em relação à capital brasileira durante o horário especial.

Extinção do horário de verão

O horário de verão foi extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro, sob justificativa de que a medida não reduz o consumo de energia elétrica em horários de pico. A proposta teve apoio de empresários, que recuaram após o início de uma crise energética.

Segundo o presidente Bolsonaro, a medida seguiu estudos que analisaram a economia de energia no período e como o relógio biológico da população é afetado.

Além disso, para justificar a alteração, o Ministério de Minas e Energia argumentou que devido a mudanças nos hábitos de vida dos brasileiros, o horário de maior consumo de energia passou do período da noite para o meio da tarde.