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Mesmo com pressão do governo Lula, Copom mantém a Selic em 13,75%

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

03/05/2023 18h47Atualizada em 03/05/2023 19h48

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu hoje manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 13,75% ao ano.

O que aconteceu:

Juros a 13,75% ao ano é o mesmo valor que foi fixado nos últimos sete encontros, desde agosto de 2022.

O Copom destacou a "incerteza" sobre a versão final do arcabouço fiscal do governo Lula como um fator de alto risco, apesar de detalhar que a apresentação da medida, juntamente à reoneração de combustíveis, reduziu parcialmente os receios econômicos."

O comitê ressaltou que a inflação ao consumidor "segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta".

O Copom disse ainda que "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".

A decisão era esperada por economistas e boa parte do mercado aposta em queda só no segundo semestre, com expectativa de que o Banco Central culparia a alta da inflação para explicar a manutenção dos juros a 13,75%.

É a maior taxa desde o reajuste estabelecido de dezembro de 2016 até 11 de janeiro de 2017, quando também estava em 13,75%. A última vez em que a Selic teve um valor mais alto do que esse foi no ciclo de 19 de outubro de 2016 até 30 de novembro de 2016, quando o índice foi a 14% ao ano.

O Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas."
Copom sobre manutenção da Selic

Cabo de guerra entre governo e BC

Novamente, o Copom ignorou as pressões do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para abaixar a taxa.

Lula já indicou que deseja mexer na meta de inflação, o que dificultaria as justificativas do Copom para não abaixar a Selic.

Na semana passada, Haddad reforçou a pressão no Copom ao dizer que "só temos boas notícias da inflação e recomposição do orçamento", ou seja, haveria um cenário econômico favorável para reduzir a Selic.

"Com essa taxa, de 13,75%, o Brasil não vai crescer. Mas criando as condições, e elas estão criadas, para abaixar... Empresário tem que ganhar dinheiro com juros baixos e investindo", disse o ministro.

Quando a Selic deve começar a cair?

O comitê não deve cortar os juros na reunião de junho, mas apenas no segundo semestre. É o que acredita o economista André Perfeito. O comitê ainda afirmou que a aprovação do Arcabouço Fiscal não gera automaticamente corte de juros.

Decisão vai contra expectativa do mercado. "A surpresa, na minha opinião, ficou por conta do tom da manutenção da Selic no patamar atual por mais tempo, pegando o mercado meio que na contramão, em um momento em que havia a esperança de um corte de juros no curto prazo", afirma Alves.

Isso deve prejudicar a Bolsa. "Com a perspectiva de juros neste patamar, a renda variável - e o resto da economia - seguem com uma bola de ferro no pé", diz Perfeito.

A Selic pode voltar a subir?

O comitê disse que "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", mas adicionou que tal cenário é "menos provável." O Banco adicionou esse comentário como um "aceno à indignação política despertada no último Copom", disse Étore Sanchez, da Ativa.

BC continua vigilante contra a inflação. Roberto Campos Neto e todo o o time do Copom seguem vigilantes para, além de diminuir a inflação, reduzir a expectativa de inflação no médio prazo, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.

Selic nas últimas dez reuniões

  • 03 de maio de 2023: 13,75% ao ano
  • 22 de março de 2023: 13,75% ao ano
  • 01 de fevereiro de 2023: 13,75% ao ano
  • 07 de dezembro de 2022: 13,75% ao ano
  • 26 de outubro de 2022: 13,75% ao ano
  • 21 de setembro de 2022: 13,75% ao ano
  • 03 de agosto de 2022: 13,75% ao ano
  • 15 de junho de 2022: 13,25% ao ano
  • 04 de maio de 2022: 12,75% ao ano
  • 16 de março de 2022: 11,75% ao ano