Selic: como a queda na taxa de juros pode afetar a sua vida
O Banco Central reduziu a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual e a Selic passou de 12,25% para o patamar de 11,75% ao ano. Entenda, na prática, como a redução dos juros impacta a vida.
A Selic, a taxa básica de juros, funciona como um parâmetro para as demais taxas do mercado, seja para o banco cobrar por um empréstimo ou para os investidores decidirem qual aplicação financeira é a melhor. Também é usada como instrumento de política monetária para o controle da inflação, juros altos reduz o dinheiro em circulação no país, já os juros mais baixos estimulam o consumo. Veja o que muda em quatro pontos.
Crédito fica mais barato
A Selic serve como referência para todas as outras taxas de juros. Na prática, quando a Selic cai, diminui também o custo de empréstimos e financiamentos. O financiamento de um carro ou imóvel pode ficar mais barato, mas vale destacar que as reduções das taxas não são imediatas. Os juros menores tendem a baratear o crédito e impulsiona o consumo das famílias ao longo do tempo.
Com juros em queda, cai também o custo de operação de uma empresa. Isso estimula investimentos e contratações. À medida que a Selic cai, empresários ficam mais dispostos a tomar riscos para crescer e, consequentemente, gerar empregos, já que fica mais barato tomar empréstimos.
Famílias consomem mais, e economia tende a acelerar
Na teoria, melhora o otimismo em relação ao potencial de crescimento da economia. O endividamento das famílias também cai, e elas ficam mais propensas a comprar itens de maior valor.
Com empresas mais propensas a investir e contratar, renda média também cresce. Na prática, um ciclo consistente de redução nos juros significa que haverá mais dinheiro em circulação no mercado.
Vale destacar que a queda dos juros é positiva para a economia, se acompanhada de um efetivo controle dos preços. Ou seja, se subir os juros é um remédio amargo contra a 'doença' da inflação alta, o processo de redução gradual - sem desencadear a alta dos preços novamente - indica que esse remédio está fazendo efeito.
Rachel de Sá, chefe de economia da Rico
Mas isso não necessariamente deve acontecer tão rapidamente. "Um ponto que eu achei interessante no comunicado do Copom é a questão da expectativa de menos crescimento para o próximo ano", diz Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital. No Brasil e no mundo, a inflação ainda está alta.
Gastos com a dívida pública caem
A longo prazo, juros menores diminuem gastos do governo com a dívida pública. Segundo indicadores do próprio Banco Central, cada 1% da Selic representa um acréscimo de quase R$ 36 bilhões para a dívida pública do Brasil.
Foco de investidores muda
Períodos de juros elevados tendem a beneficiar investimentos em renda fixa. Juros mais altos elevam a rentabilidade de grande parte desse tipo de investimento - especialmente quando falamos de títulos pós fixados, diz Rachel.
Renda fixa ainda rende dois dígitos. Apesar de estar em queda, a taxa Selic ainda segue em patamares altos e isso ajuda a renda fixa a se manter um investimento atrativo, diz Caio Canez de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
Selic mais baixa atrai os investidores para a Bolsa. Caso a taxa de juros caia mais, a tendência é que as pessoas migrem para investimentos que ofereçam algum tipo de rendimento real, mesmo implicando um grau maior de risco. É o caso de investimentos em Bolsa, como ações e FIIs, ou fundos multimercado.
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Quero receberJuros ainda estão altos nos EUA. O Fed, banco central americano, decidiu manter os juros, sem perspectiva clara de queda. Assim, a renda fixa dos EUA continua sendo um lugar seguro e rentável para alocar dinheiro. "Para 2024 o ciclo de corte deve se intensificar sim, na minha opinião, se o mercado mundial e do Brasil melhorar. Lá fora a gente tem uma expectativa de queda dos juros a partir de março", afirma Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira.
Mesmo assim, a Bolsa pode ser um investimento interessante. "Já está na hora de começar a olhar para a Bolsa há muito tempo, mas fundos imobiliários também", diz Cohen.
"Com a expectativa de menor queda de juros lá fora também, eu acredito que o Ibovespa deve ter um ritmo de alta porque basicamente não veio nada que traga algum comprometimento para o mercado local", diz Moura.
Com informações da matéria "Juros a 12,75%: Entenda em 5 pontos como o corte na Selic afeta sua vida", de 21 de setembro de 2023.
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