Após reunião de 5 h, governo empurra de novo anúncio sobre corte de gastos

O governo Lula adiou mais uma vez o anúncio de corte de gastos para 2026.

O que aconteceu

Este é o quarto dia de reunião sobre o tema. Nesta quinta (7), o encontro do presidente Lula (PT) com oito ministros durou cerca de cinco horas e 20 minutos, divididos em dois turnos, um de manhã e outro à tarde. Pouco depois das 18h, quando é o fechamento dos mercados, foi anunciado que a reunião seria de novo suspensa e retomada às 14h desta sexta (8).

O governo tem sofrido pressão do setor financeiro para anunciar como pretende enxugar ainda mais a máquina. Nas reuniões, guiadas pela equipe econômica, Lula tem ouvido a situação de cada pasta e procurado acalmar os ânimos de ministros, que refutam ter ainda mais cortes em suas respectivas gerências.

Após alta do dólar e queda na Bolsa, há uma expectativa de que Lula bata o martelo sobre um valor desde segunda (4). Não havia uma promessa de anúncio para hoje, como tampouco havia para os outros dias, mas a equipe econômica se comprometeu a divulgar pelo menos algum número ainda nesta semana.

As medidas dizem respeito ao Orçamento de 2026. Em julho, também sob pressão do mercado, a equipe econômica já havia anunciado o congelamento de R$ 15 bilhões em gastos para este ano e mais R$ 25,9 bilhões para 2025.

Além dos aspectos internacionais, a considerada demora para o anúncio deixou um clima de insegurança no mercado. Para tentar impedir novas altas da moeda americana e especulações com o real, como as vistas na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou uma viagem à Europa a pedido de Lula para fazer o anúncio sobre o Orçamento.

Para amanhã, Haddad também cancelou sua ida a São Paulo. O ministro costuma passar os finais de semana na capital paulista, onde faz reuniões com membros do mercado, mas ficará em Brasília para a nova reunião.

Aqui, não

Lula tem resistido a ceder a pressões externas. Enviando sinais de que não gosta de se submeter a pressões externas, o presidente gosta de repetir que alguns tipos de despesas, como os programas sociais, não são gasto, são investimento. Também flerta com o não cumprimento da meta fiscal, proposta pela própria equipe econômica.

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Além da refuta do presidente, esta nova rodada de cortes tem gerado tensão no governo internamente. Como Lula, a maioria dos ministros têm pedido mais orçamento e verbas para suas respectivas pastas, não menos, o que causa mal-estar no governo.

Decidir aonde vai cortar é a decisão que Lula não quer tomar. Da última vez, para acalmar os ânimos, a equipe econômica tirou "um pouco de cada". Agora, no entanto, alguns titulares das pastas já fazem saber que, mesmo que o corte seja geral e feito de forma justa, eles não têm mais onde espremer.

Ainda falta negociar com o Congresso. A proposta de corte de gastos deverá ser apresentada pelo Executivo em forma de PEC (Proposta de Emenda à Constituição), o que ainda sobra ao governo negociar para aprovação nas duas Casas com o mínimo de perda possível. Haddad já começou as conversas e deve mostrar o texto para os líderes parlamentares antes do envio oficial para a tramitação.

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