Etanol, plástico, saúde e telecom: o que mais pode ser taxado por Trump

A política de reciprocidade anunciada pelo presidente americano Donald Trump para o dia 2 de abril pode afetar diretamente o etanol, em uma proporção que já acontece com o aço e alumínio. A medida estabelece taxas de importação, da mesma forma que os produtos importados dos EUA também pagam impostos aqui no país.

O que aconteceu

Taxação acontece por "justiça", segundo Trump. O presidente dos Estados Unidos argumenta que vários produtos importados de outros países, como o Brasil, entram nos EUA sem pagar impostos, enquanto produtos que são exportados pelo país tem que pagar taxas.

Na prática, a medida é um "toma lá, dá cá". Na lógica de Trump, se o Brasil taxar um determinado produto, os EUA também vão taxá-lo, possivelmente na mesma proporção. Medida é considerada uma forma de protecionismo econômico, dentro do projeto do presidente de "fazer a América grande de novo".

Aço e alumínio já foram taxados. Medida começou a valer ontem, com taxa de importação de 25% dos produtos nacionais. Apesar de o impacto ser estimado em R$ 8,7 bilhões, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o impacto real pode significar apenas 0,01% do PIB (Produto Interno Bruto) e 0,03% das exportações totais do Brasil.

Etanol é um dos produtos que está na mira. Desde o ano passado, a Camex (Câmara de Comércio Exterior do Brasil) estabeleceu tarifa de 18% sobre as importações de etanol dos Estados Unidos. Já o produto brasileiro vendido aos americanos paga 2,5%. Apesar de ser o segundo país que mais compra etanol brasileiro, menos de 20% de todo o produto exportado vai aos Estados Unidos. Avaliação feita por especialistas ao UOL aponta que o impacto será pequeno para o Brasil

Polietileno, um tipo de plástico, também pode ser taxado por Trump. Hoje, o Brasil cobra 20% de taxa de produtos químicos importados, mas o índice pode aumentar para 41%. Está em andamento, desde novembro passado, uma investigação antidumping sobre a importação das resinas do Canadá e Estados Unidos. Dumping é uma prática comercial em que uma empresa vende o produto para o mercado externo por um preço inferior ao valor real. Os Estados Unidos são responsáveis por 70% de todas as importações para o mercado brasileiro, ainda conforme o levantamento do mercado privado.

Reciprocidade pode chegar ao mercado de saúde, visto como oportunidade pelos americanos. O setor privado aponta que a legislação brasileira é desatualizada e emperra cadeias de suprimentos e limitam o acesso a produtos essenciais de saúde —e, consequentemente, a vinda deles para cá. Não há nenhum aceno oficial nesse sentido, mas a hipótese é que Trump possa "dificultar" a presença de empresas brasileiras do setor.

Mesma situação pode acontecer com as telecomunicações, indústria farmacêutica e a propriedade intelectual. Os setores entraram na mira das críticas do mercado americano, mas ainda não foram citadas oficialmente pelo presidente americano.

Para negociadores brasileiros, ficou evidente que a Casa Branca usará o comércio como arma de barganha. Mas, no caso do Brasil, o argumento do governo e do setor privado é de que a relação já é favorável aos americanos, e que a justificativa de Trump faria pouco sentido. Uma análise do fluxo comercial entre os dois países a partir de dados oficiais mostra que o Brasil cobra, em média, 11% de taxa de importação dos produtos vindos do restante do mundo, contra cerca de 5% do que vem dos EUA.

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Só que o efeito pode acabar virando contra os próprios americanos. Levantamento da Peterson Institute of Internacional Economics mostra que uma família americana vai desembolsar adicionalmente US$ 1.200 (o equivalente a R$ 6.959,64) por ano por conta da inflação ocasionada pelas tarifas.

2 comentários

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Joao Pedro Martins

Só US$ 1,2 mil por ano? Que conta é essa ou qual crescimento no percentual de inflação representa? 

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Ricardo Santa Maria Marins

Deixa-os taxarem o que quiserem e o quanto quiserem. TRUMP vai detonar os Estados Unidos por dentro. Eles os EUA não conseguem se reindustrializar sem antes um enorme desastre interno. INFLAÇÃO ALTA, JURO ALTO e queda brutal no mercado consumidor americano. Correm o risco de as bolsas caírem como caem atualmente. Afora, as revoltas do POVO AMERICANO que vão detonar mais os laços sociais internos. Mas isso é problema deles. No nosso caso, nossos empresários e nosso governo devem sair com a chancelaria e começar a negociar com todos, menos os EUA, vantagens competitivas em todos os setores, especialmente, a CHINA e a ÍNDIA, naquilo que por ser útil para ambos e agora insistir em fechar o acordo Mercosul-Europa. Buscar junto ao Japão e Coréia do Sul como avançar mais em tecnologia móvel etc... E negociar mais com os ÀRABES. E aplicar a reciprocidade aos EUA e se necessário dobrar ou triplicar a aposta. Dane-se os EUA, com TRUMP e MUSK. OPINIÃO!

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