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Guedes diz que servidores "privilegiados" pressionaram por cortes na Previdência

Por Rodrigo Via Gaier

14/06/2019 15h08

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou nesta sexta-feira irritação com o parecer apresentado na véspera pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP) e disse que os deputados "abortaram" a reforma da Previdência se o projeto autorizado pelo relatório for o aprovado.

O ministro afirmou que os cortes sobre a proposta original foram maiores que o estimado e disse que a exclusão de Estados e municípios do parecer foi um recuo ditado por "pressões corporativas de servidores do Legislativo", que ele classificou como "privilegiados".

"Entregamos uma proposta de R$ 1,2 trilhão e esperava que cortassem BPC e (aposentadoria) rural, e que ficasse em 1 trilhão", afirmou Guedes após encontro fechado no consulado da Itália no Rio de Janeiro.

Durante a entrevista, o ministro falou várias vezes sobre o número de 860 bilhões de reais como estimativa para a economia com a reforma da Previdência ao longo de dez anos, baseado no parecer do deputado Samuel Moreira.

Questionado pela Reuters sobre o valor de R$ 913 bilhões que circulou ontem na comissão especial da Câmara, Guedes disse que essa cifra maior inclui imposto sobre bancos, o que para ele é política tributária.

"Estão buscando (recursos) de PIS/Pasep, mexendo em fundos. Estão botando a mão no dinheiro no bolso dos outros", afirmou Guedes em tom de irritação.

"Vou respeitar a decisão da Câmara, mas se aprovarem a reforma do relator... (os deputados) abortaram a Nova Previdência e mostraram que não há compromisso com as futuras gerações", disse Guedes. "O compromisso com servidores públicos do Legislativo parece maior do que com as futuras gerações."

Guedes estimou que, aprovada a reforma da Previdência proposta pelo parecer do Samuel Moreira, será necessária uma nova alteração nas regras para aposentadorias em cinco ou seis anos.

O ministro ainda ironizou os protestos realizados nesta sexta-feira em várias cidades do país contra a reforma da Previdência e cortes na Educação.

"Acho que devia fazer (protesto) sábado e domingo em vez de engarrafar a cidade para fingir que tem muito movimento", disse.

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