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Petrobras reduz em 10% previsão de investimentos; produção para 2020 decepciona

Por Roberto Samora
Imagem: Por Roberto Samora

Roberto Samora

Em São Paulo

28/11/2019 09h57

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras informou nesta quinta-feira que o seu Conselho de Administração aprovou investimentos de 75,7 bilhões de dólares dentro do novo plano de negócios para o período de 2020 a 2024, redução de 10% ante o programa anterior, mas a expectativa de produção para 2020 decepcionou analistas.

A Petrobras colocou como meta de produção de petróleo no ano que vem 2,2 milhões de barris ao dia, podendo variar 2,5% para mais ou para menos. Isso seria um aumento ante 2019, conforme projeção revisada em julho para 2,1 milhões de barris ao dia.

"Notamos, entretanto, que um guidance de produção mais fraco que o esperado no curto prazo poderia ser ao menos parcialmente explicado por vendas de ativos...", disse o Goldman Sachs, em relatório, ponderando que a extração abaixo do previsto poderia ser, em parte, compensada por desinvestimentos.

A expectativa de produção de petróleo da empresa para 2020 ficou 12% abaixo da previsão do Goldman Sachs. O Credit Suisse, esperava uma produção 9% maior para o ano que vem do que a divulgada.

A estatal irá detalhar o plano a analistas e investidores de mercado em um encontro chamado de Petrobras Day em Nova York, em 4 de dezembro, e em Londres, em 6 de dezembro. Antes disso, não haverá a tradicional coletiva de imprensa sobre o plano estratégico no Brasil.

Por volta das 16H, as ações preferenciais da Petrobras subiam 0,44%, a 29,46 reais, enquanto o Ibovespa avançava 0,47%. As ações ordinárias da companhia operavam com alta de 0,22%.

Do total de investimento previsto até 2024, Petrobras afirmou que destinará 85% para atividade de exploração e produção, ou 64,3 bilhões de dólares, segundo fato relevante.

No plano anterior, divulgado em dezembro, a projeção para E&P era de 68,8 bilhões de dólares em cinco anos, de um total para todas as áreas de 84,1 bilhões de dólares, no período de 2019 a 2023.

A redução nos investimentos totais ocorre em meio a um grande programa de vendas de ativos, que deverá envolver cerca de metade do parque de refino, entre outras unidades, com a empresa focando na exploração do pré-sal.

Os desinvestimentos previstos no plano deverão variar entre 20 bilhões a 30 bilhões de dólares para o período 2020-2024, tendo a maior concentração nos anos de 2020 e 2021.

A empresa tem a meta de reduzir em cerca de metade a capacidade de seu parque de refino, para 1,1 milhão de barris ao dia, concentrando as atividades no Sudeste, principal polo consumidor do país.

A projeção é de que a venda das refinarias alcance vários bilhões de dólares.

PRODUÇÃO

Com a força do pré-sal, a Petrobras prevê produção total de óleo e gás em 3,5 milhões de barris de óleo equivalente ao dia em 2024, ante 2,7 milhões boed projetados para 2020.

A companhia ressaltou ainda que decidiu apresentar uma visão de produção comercial, a fim de representar o impacto econômico da extração, deduzindo os volumes de gás reinjetados nos reservatórios, consumidos em instalações do E&P e queimados nos processos produtivos.

Dessa forma, a produção comercial de petróleo e gás foi estimada em 3,2 milhões de barris de óleo equivalente ao dia em 2024, ante 2,4 milhões de barris em 2020.

"No longo prazo, a trajetória de crescimento é suportada pelos novos sistemas de produção --majoritariamente no pré-sal, com maior rentabilidade e geração de valor-- e pela estabilização da produção na Bacia de Campos", completou.

Até 2024, a produção de petróleo da companhia deverá aumentar para 2,9 milhões de barris, 700 mil barris acima do previsto para o ano que vem.

Para o Credit Suisse, assim como para o Goldman Sachs, a projeção de produção desaponta no curto prazo, mas traz uma perspectiva positiva para o longo prazo.

O analista Regis Cardoso afirmou que a estimativa de produção de petróleo para 2020 veio abaixo de sua previsão, que era de 2,4 milhões de barris/dia --uma estimativa divulgada em dezembro do ano passado pela empresa apontava mais de 2,3 milhões para o próximo ano.

Contudo, os 2,9 milhões de barris esperados pela empresa para 2024 estão acima dos 2,4 milhões projetados pela instituição.

O capex veio em linha com o estimado, disse o analista em nota a clientes.

Segundo a Petrobras, a meta de curto prazo "reflete principalmente as perdas de volumes relacionados ao declínio natural dos campos maduros e à maior concentração de paradas de produção para o aumento da integridade dos sistemas, parcialmente compensados pelo ramp-up das novas plataformas".

Segundo a estatal, a curva de produção não contempla desinvestimentos, com exceção do volume de campos na Nigéria e de Tartaruga Verde, cujas transações já foram assinadas e os fechamentos estão próximos de ocorrer.

FINANCIABILIDADE

A empresa disse que segue perseguindo a desalavancagem através da geração de caixa e dos desinvestimentos, mantendo a meta para a relação dívida líquida/Ebitda de 1,5 vez ainda em 2020.

A empresa projeta em 2021 atingir 60 bilhões de dólares de dívida bruta, o que, segundo ela, permitirá maior remuneração aos acionistas em linha com a nova política de dividendos já anunciada.

"Adicionalmente, ao antecipar fluxo de caixa operacional via desinvestimentos de ativos a Petrobras realizará seus investimentos, reduzindo seu endividamento, sem necessidade de novas captações líquidas no horizonte do Plano Estratégico", completou.

A empresa estimou preços de petróleo mais reduzidos, ante as cotações atuais, prevendo um valor de 50 dólares o barril para os próximos cinco anos e de 45 dólares no longo prazo.

(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier e Marta Nogueira)