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Venda de soja 20/21 pode chegar a 50% até o plantio; importação é possível, diz Safras

Agricultor observa plantio de soja em Barreiras, na Bahia - Ueslei Marcelino
Agricultor observa plantio de soja em Barreiras, na Bahia Imagem: Ueslei Marcelino

Da Reuters

15/05/2020 16h05

A comercialização antecipada da safra 2020/21 de soja do Brasil pode chegar a 50% da produção esperada até o início do plantio, previsto para meados de setembro, impulsionada pelo alto patamar de câmbio que favorece as exportações da commodity, afirmou hoje a consultoria Safras & Mercado.

Durante videoconferência, o consultor da Safras Luiz Fernando Roque disse que, normalmente, a indicação é que cerca de 30% da produção esperada esteja comercializada até o plantio, mas como este patamar já foi alcançado atualmente, "plantar a safra 2020/21 com 50% vendida é uma estratégia interessante".

"Estamos com 30% da safra 2020/21 comercializada. Acho que é interessante ir aproveitando (o câmbio) para ir travando (mais vendas) e... entrar na colheita com o cenário muito favorável", afirmou.

Nesta semana, a consultoria Datagro informou que o Brasil atingiu recorde na comercialização antecipada de soja 2020/21, com 28,2% da produção esperada, ao superar a marca de 12% obtida em 2016 e com nível muito acima da média de cinco anos, de 6,7%.

Além do dólar alto, as negociações são influenciadas pela ampla demanda chinesa. O país busca o grão no mercado internacional para processar internamente e utilizar como ração, enquanto recompõe o plantel de suínos dizimado pela peste suína africana.

"Estamos entendendo que a China vai comprar até mais que o esperado (em soja) nesta temporada", disse o consultor da Safras.

Com o grão produzido no ciclo de 2019/20, as exportações de soja do Brasil já alcançaram recorde para a série histórica de janeiro a abril tanto em valor (11,50 bilhões de dólares), quanto em volume (33,66 milhões de toneladas), apesar da queda de 4,2% no preço médio do produto.

A China foi responsável por 73,4% das aquisições da oleaginosa brasileira no primeiro quadrimestre de 2020, com aumento de 26,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, disse hoje o ministério, em nota.

Sobre o plantio da próxima temporada, o consultor da Safras & Mercado espera redução na área de milho verão para avanço nas áreas semeadas com soja. Para ele, a elevação na semeadura de milho deve acontecer somente na segunda safra 2020/21.

Ele não fez previsões de área para a próxima safra.

Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a produção de soja do Brasil pode alcançar 131 milhões de toneladas na próxima safra, número que Roque avaliou como razoável em vista da percepção de aumento no plantio.

Esmagamento

Neste cenário de vendas aquecidas, Roque destacou que cresce a possibilidade de importação da oleaginosa pelo Brasil no segundo semestre, em regiões de fronteira, para atender a demanda interna da indústria processadora até o fim do ano.

"Se a exportação for muito maior (ante 2019), Estados como Mato Grosso do Sul e Paraná são regiões com possibilidade de importar soja para processar... É uma possibilidade crescente porque a tendência é de uma oferta baixa de soja no fim do ano."

Segundo ele, a indústria de carnes deve ser a principal provedora de demanda por farelo de soja, para alimentação na pecuária, dada a perspectiva positiva para as proteínas de origem animal.

"As exportações de carnes também estão muito aquecidas para a China... o setor de carnes vai ser um fator positivo para o esmagamento no Brasil no segundo semestre", disse Roque.