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BCE volta a subir juros e corta subsídios bancários

Sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt - Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
Sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt Imagem: Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

Francesco Canepa

27/10/2022 09h30

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu aumentou as taxas de juros de novo nesta quinta-feira e sinalizou que está pronto para começar a encolher seu balanço, dando novo passo no aperto da política monetária para combater a inflação recorde.

Temendo que o rápido crescimento dos preços esteja se tornando arraigado, o BCE está aumentando os juros no ritmo mais rápido de que há registro, com mais altas praticamente certas já que desfazer uma década de estímulo pode muito bem tomar o próximo ano e além.

Em uma série de movimentos complexos, o banco central dos 19 países que compartilham o euro aumentou a taxa de depósito em 0,75 ponto percentual, levando-a ao nível mais alto desde 2009, de 1,5%. O aumento total chegou a 2 pontos percentuais em três reuniões. Até julho, as taxas do BCE estavam em território negativo havia oito anos.

O BCE também cortou um subsídio importante aos bancos, mas não deu nenhuma pista sobre os planos de começar a reduzir sua carteira de títulos depois de acumular trilhões de euros em dívidas emitidas pelos governos da zona do euro desde 2015.

"O Conselho do BCE tomou a decisão de hoje, e espera aumentar ainda mais as taxas de juros, para garantir o retorno oportuno da inflação para...2%", disse o BCE.

Os mercados esperam que a taxa de depósito atinja 2% em dezembro, depois chegue a um pico de cerca de 3% em algum momento de 2023, embora a perspectiva excessivamente volátil torne esse cronograma propenso a mudanças.

Embora a inflação esteja alta e em expansão, o quadro geral pode ser mais equilibrado do que no passado, já que os preços à vista de energia estão caindo, uma recessão iminente amortecerá as pressões sobre os preços e não há sinais de uma espiral de preços e salários.

O BCE também deu os primeiros passos nesta quinta-feira para encolher seu balanço patrimonial de 8,8 trilhões de euros, uma medida que deve aumentar ainda mais os custos de empréstimos e pode funcionar como uma espécie de aumento disfarçado de juros.

Em uma medida que pode ser criticada pelos bancos comerciais, o BCE reduziu o subsídio que fornece a esses credores por meio de 2,1 trilhões de euros em empréstimos ultrabaratos de três anos chamados Operações de Refinanciamento Direcionadas de Longo Prazo, ou TLTROs.

"Em vista do inesperado e extraordinário aumento da inflação, ela precisa ser recalibrada para garantir que seja consistente com o processo mais amplo de normalização da política monetária e para reforçar a transmissão dos aumentos da taxa básica de juros às condições de empréstimos bancários", afirmou.

O BCE disse que a taxa de juros das operações de TLTRO será indexada às taxas de juros médias aplicáveis do BCE no futuro. O objetivo da mudança é incentivar o pagamento antecipado dos empréstimos.

Em outra mudança, o BCE também disse que as reservas mínimas serão remuneradas pela taxa de depósito, em vez da taxa principal, que está 0,50 ponto maior.