Autonomia do BC não é pauta do governo e Lula não pediu mudança, diz líder no Congresso
A autonomia do Banco Central não está na pauta do governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pediu a elaboração de uma proposta legislativa para reverter a independência formal da autoridade monetária, disse o líder governista no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), hoje.
A fala de Randolfe vem depois de Lula afirmar em entrevista à RedeTV! que avaliará a autonomia do BC ao término do mandato do atual presidente da autoridade monetária Roberto Campos Neto e de constantes críticas feitas pelo presidente à independência formal do Banco Central.
"Em relação ao Banco Central, não está na agenda do governo. O presidente da República não demandou e ninguém demandou para nós nenhum projeto, nenhuma matéria que visse a revisão da autonomia do Banco Central. Isso não é algo que está em debate", disse Randolfe em entrevista à GloboNews.
"Há um debate, há uma preocupação do presidente da República e de todos nós com a taxa de juros. Mas eu creio que a própria taxa de juros — que sacrifica sobretudo o crédito, que sacrifica sobretudo os setores produtivos — ela começará a ser ajustada sobretudo a partir da apresentação do novo arcabouço fiscal", acrescentou o líder do governo no Congresso.
Nesta semana, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) manteve a taxa básica de juro em 13,75% ao ano pela quarta reunião seguida, na primeira decisão do colegiado após a posse de Lula em 1º de janeiro.
Campos Neto foi escolhido para presidir o BC pelo então ministro da Economia do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, e se manteve no cargo após o Congresso aprovar a independência formal do BC. Seu mandato no cargo termina em 31 de dezembro de 2024.
Não é a primeira vez que auxiliares de Lula precisam esclarecer falas do presidente em relação ao Banco Central.
No mês passado, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi ao Twitter negar intenção do governo de mexer na independência do BC, após falas de Lula colocando em dúvida a vantagem de um BC autônomo e questionando o patamar da meta de inflação e da taxa de juros.
As falas de Lula sobre a independência do BC, a meta de inflação e taxa de juros têm provocado incômodo em agentes do mercado financeiro, gerando temores de interferência política que se somam à desconfiança desses agentes com o compromisso da gestão petista com a solidez das contas públicas.
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