IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Todos a Bordo

US$ 2,1 bilhões: bombardeiro invisível B-2 é o avião mais caro da história

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/01/2021 04h00

Um avião invisível aos radares e com mais de 30 anos é a aeronave mais cara já produzida em todo o mundo. Trata-se do bombardeiro Northrop Grumman B-2 Spirit. Foram produzidas 21 unidades do modelo, ao custo de US$ 2,1 bilhões (R$ 10,9 bilhões) cada avião.

O B-2 Spirit tem o design de uma asa voadora e é um dos três modelos de bombardeiros norte-americanos com capacidade de ataque nuclear. A diferença é que ele é o único que consegue voar sendo invisível aos radares. Com isso, ele pode se aproximar do alvo sem ser detectado pelas armas de defesa das forças inimigas.

Criado para atacar a União Soviética

O bombardeiro invisível foi desenvolvido na década de 1980 para a Força Aérea dos Estados Unidos. Naquela época, o mundo ainda assistia à guerra fria e o objetivo era invadir o espaço aéreo soviético para atacar instalações valiosas do inimigo.

Para isso, os norte-americanos queriam um avião capaz de voar longas distâncias carregando uma grande quantidade de carga e que pudesse penetrar no espaço aéreo inimigo sem ser detectado. O B-2 Spirit tem todas essas características.

Lança até 16 bombas nucleares

O bombardeiro pode alcançar 11,1 mil quilômetros sem ser reabastecido ou até 18,5 mil quilômetros após um reabastecimento em voo. A capacidade de carga é de 20 toneladas. O B-2 Spirit pode lançar armas convencionais e termonucleares, como até 80 bombas Mk 82 de 230 quilos ou 16 bombas nucleares B83 de 1.100 kg.

Northrop Grumman B-2 Spirit - Divulgação - Divulgação
Northrop Grumman B-2 Spirit
Imagem: Divulgação

Fim da Guerra Fria reduziu projeto

O fim da guerra fria reduziu a necessidade de uma grande frota do bombardeiro invisível. No início do projeto, a expectativa era de que 132 unidades fossem produzidas. Após o fim da União Soviética, o congresso norte-americano reduziu a verba do projeto e apenas 21 B-2 Spirit foram fabricados.

Atualmente, 20 bombardeiros do modelo ainda seguem em operação. Em mais de 30 anos, houve a perda de apenas uma unidade, e ainda assim não foi em combate. Em 2008, um B-2 Spirit caiu logo após a decolagem da base aérea em Guam. O avião perdeu o controle por causa de uma falha dos sensores causada por uma forte tempestade.

Usado no Afeganistão, Iraque e em outras guerras

O B-2 já entrou em operação na prática em diversos conflitos militares, como em apoio à Operação Força Aliada, na antiga Iugoslávia; Operação Liberdade Duradoura, no Afeganistão; Operação Iraqi Freedom (Guerra do Iraque) e duas vezes na Líbia em apoio às operações Odyssey Dawn e Odyssey Lightning.

O B-2 estreou em combate operacional durante a Operação Força Aliada. Dois B-2 voaram mais de 31 horas da Base Aérea de Whiteman, no Missouri (EUA), para Kosovo. Eles atacaram vários alvos e voaram de volta aos Estados Unidos. Os B-2 foram responsáveis por menos de 1% do total das missões, mas destruíram 33% dos alvos durante as primeiras oito semanas de conflito.

Recorde de missão mais longa

O avião também detém o recorde de mais longa missão de combate aéreo da história. Em 2001, seis B-2 foram os primeiros a entrar no espaço aéreo afegão para uma missão.

O B-2 fez uma rápida parada de 45 minutos para troca da tripulação com os motores ainda funcionando. Em seguida, voou de volta para o Missouri. No total, foram mais de 70 horas consecutivas em missão.

Northrop Grumman B-2 Spirit - Divulgação - Divulgação
Northrop Grumman B-2 Spirit
Imagem: Divulgação

O avião invisível

O principal fator que faz do B-2 Spirit o avião mais caro da história é a sua tecnologia para ser invisível ao inimigo. Para dar vida ao B-2, a Northrop Grumman teve que inventar todos os componentes do zero. Essa lista incluía ferramentas, um laboratório de software, materiais compostos, equipamentos especiais de teste e modelagem 3-D e sistemas de computador.

O design aerodinâmico impede que seja detectado pelos radares convencionais. Os radares emitem ondas que são rebatidas por algum objeto no ar e voltam ao receptor. É dessa forma que um avião é visto pelo radar. No caso do B-2, o design interfere no caminho dessa onda, deixando-o invisível.

Material e pintura ajudam na camuflagem

Mas não é só isso. Um avião pode ser detectado no solo pelo calor, ondas eletromagnéticas ou mesmo visualmente pelo rastro deixado com a condensação do ar. O B-2 Spirit consegue passar invisível a tudo isso.

Os materiais utilizados na construção e o tipo de pintura foram feitos para não gerar calor, os equipamentos emitem ondas eletromagnéticas insignificantes e o design do avião não causa condensação do ar. Além disso, o avião pode voar a até 15,2 quilômetros de altura.

Aparece muito em filmes

O B-2 tem 21 metros de comprimento, 5,1 metros de altura e envergadura de 52,4 metros (distância entre as asas), metade do comprimento de um campo de futebol.

Todos esses recursos fazem do Northrop Grumman B-2 Spirit uma estrela também de cinema. Hollywood adora esse avião, que já apareceu em filmes como "Independence Day", "Armageddon", "Homem de Ferro", "Cloverfield", "Airplanes", "Rampage" e, mais recentemente, "Capitã Marvel".