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REPORTAGEM

Após convocação para a guerra, preço para voar para fora da Rússia dispara

Rotas de aviões saindo da Rússia: Principal destino é a Turquia - Flightradar24
Rotas de aviões saindo da Rússia: Principal destino é a Turquia Imagem: Flightradar24

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/10/2022 04h00

A convocação de 300 mil reservistas russos para lutar na guerra da Ucrânia nas últimas semanas gerou um movimento de êxodo da Rússia. Milhares de pessoas começaram a se deslocar para fora do país com o objetivo de fugir do conflito.

Uma das principais formas para isso ocorrer é por meio aéreo, mesmo com a proibição de emissão de passaportes para os convocados.

Voos comerciais partindo de Moscou a Dubai (Emirados Árabes Unidos) chegam a R$ 15 mil por assento. Em épocas mais tranquilas, bilhetes podiam ser encontrados até por R$ 3.000 para um voo de cerca de cinco horas de duração.

Fretamento de jatos: Outra alternativa dos russos para sair do país é por fretamento de aeronaves.

Durante o mês de outubro, um voo entre Moscou e Dubai tem custado até cerca de R$ 450 mil em um jatinho com capacidade para até oito pessoas. Esse valor aumentou significativamente com a convocação para a guerra, chegando a R$ 800 mil.

A viagem, que dura cerca de seis horas, tem a mesma distância que um voo entre São Paulo e Lima (Peru). Por sua vez, essa viagem dentro da América Latina, em um jato fretado, custa por volta de R$ 160 mil durante o mesmo período consultado pelo UOL.

Em entrevista ao jornal inglês "The Guardian", Yevgeny Bikov, diretor da empresa de fretamento Your Charter, disse que os pedidos passaram de 50 para 5.000 ao dia.

Falta de aeronaves: Segundo o polonês Paul Malicki, CEO e fundador da empresa de aviação executiva Flapper, esse aumento decorre de alguns fatores principais.

"A quantidade de aviões é muito limitada por causa do embargo. Simplesmente faltam peças para manutenção", diz o executivo.

Outro aspecto é o bloqueio dos espaços aéreos para aviões russos, o que tem dificultado voos na região e restringiu a capacidade de operações.

"Ainda há um bloqueio para turistas e viajantes de negócios russos em diversos países europeus. O que restou, então para os russos? Países que eles sempre admiraram e visitavam para o turismo, a Turquia e os Emirados Árabes, duas nações que se mostraram dispostas a acomodar turistas e imigrantes russos", afirma Malicki.

O CEO ainda diz que as operações da Flapper na Rússia, que não eram tão intensas antes do conflito, aumentaram mais de 100% no período, denotando a crescente busca na região.

Para onde os voos vão? Devido às restrições na Europa, os voos com origem na Rússia estão seguindo caminhos bem definidos para poucos países após o início da guerra. Antes do começo do conflito, eram cerca de 1.100 voos internacionais diários no país.

Desde então, esse número caiu drasticamente, com apenas 114 voos internacionais por dia realizados por companhias aéreas estrangeiras em junho. As principais empresas de outros países que ainda operam na Rússia são Turkish Airlines (Turquia), Uzbekistan Airways (Uzbequistão), Belavia (Belarus) e FlyDubai (Emirados Árabes Unidos).

Turquia, Uzbequistão e Armênia se mantiveram como os principais destinos dos russos. Uma parte se deve à facilidade para entrar nesses países, já que nem sempre são exigidos vistos de quem é da Rússia. Desde fevereiro, a Turquia representa cerca de 25% dos destinos dos voos partindo do país.

Nesse país, as principais cidades procuradas são Antália, Istambul, Bodrum, Dalaman e Ankara.