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Demitir para contratar pessoas com salários mais baixos prejudica negócio

José Dornelas

Colunista do UOL

31/08/2015 06h00

Em tempos de crise, o empreendedor busca reduzir ao máximo os custos de sua empresa, cortando gastos de toda natureza. Uma estratégia comum nesse sentido é a demissão de funcionários e a contratação de novos empregados com salários mais baixos.

O que aparentemente parece normal, pois em crise não se questiona muito as decisões justamente pelo fato de todos estarem em busca de oportunidades de trabalho com mais estabilidade aparente, na verdade mostra-se um equívoco perigoso.

Uma pesquisa realizada por Jason L. Brown e Patrick R. Martin da Universidade de Indiana mostrou que quem está sendo contratado fica frustrado ao saber que seu salário é menor que o de outros colegas mais antigos de empresa com a mesma função.

Além disso, constatou ainda que os empregados mais antigos também ficaram menos motivados para realizar suas funções.

Com isso, a estratégia de cortar custos reduzindo salários dos novos contratados, que a maioria dos empreendedores emprega em tempos de crise, pode se mostrar extremamente equivocada para a longevidade da empresa.

Isso porque, segundo os pesquisadores, esses salários mais baixos não levam à melhoria da lucratividade da empresa, uma vez que a decisão de contratar novos trabalhadores com salários mais baixos faz com que ambos, trabalhadores novos e atuais, se esforcem menos.

Eles alegam ainda que a contratação de trabalhadores com salários mais baixos diminui consideravelmente o bem-estar social e, dessa forma, deteriora o ambiente de trabalho, gerando consequências danosas para a empresa.

Essas consequências não intencionais sugerem que as empresas devem considerar de maneira mais criteriosa os eventuais ganhos com cortes salariais ao decidir se desejam substituir alguns trabalhadores por outros ganhando salários mais baixos.

Uma alternativa que alguns empreendedores têm empregado justamente para evitar penalizar tanto os empregados atuais como os novos é uma parceria ganha-ganha pelo compromisso com os resultados do negócio.

Quando o empreendedor propõe retribuir pelo esforço dos funcionários com a participação nos lucros futuros, mesmo que o salário fixo seja menor que o praticado há algum tempo, pode-se criar um ambiente de trabalho produtivo e propenso à superação da crise.

Aos empreendedores que não dividem o bolo e aos muitos funcionários que buscam estabilidade e não gostam de arriscar, fica o recado. Será que não vale a pena aderir a um novo modelo de contrato empregador-empregado, que cada vez mais tem se tornado a prática vigente?