José Paulo Kupfer

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Opinião

PIB volta a surpreender, mas há risco de estagnação no 2º semestre

A atividade econômica avançou, no segundo trimestre de 2023, elevando o PIB (Produto Interno Bruto), mesmo depois da alta extraordinária de 1,8%, no primeiro trimestre. Mas o ritmo de crescimento da economia sofreu uma freada, com a expansão de 0,9%, no período abril-junho.

Mesmo assim, e com expectativas de baixo crescimento ou mesmo estagnação no segundo semestre, o resultado acima da média das projeções, que apontava expansão de apenas 0,3%, deve levar a uma subida nas projeções para o avanço da economia em 2023. Os atuais 2,3%, previstos no Boletim Focus, devem evoluir para alta em torno de 3%.

Políticas de juros continua restringindo atividade

Projeções de crescimento em torno de 3% em 2023 espelham recuo nos níveis de expansão da economia, previstos para o segundo semestre. Seria uma queda, caso se confirme, em relação ao crescimento de 3,4%, em relação ao segundo trimestre de 2022. Efeitos agora mais intensos da política de juros altos, que vigorou até recentemente e ainda permanecem no terreno restritivo para a atividade econômica, colaboram para as previsões de baixo crescimento na segunda metade deste ano.

Retrato da dinâmica da economia, no segundo quarto do ano, revelado pelo IBGE nesta sexta-feira (1º), mostra a influência positiva na alta do PIB do consumo das famílias, que subiu 0,9%, bem acima das projeções. A alta de 0,6%, registrada no setor de serviços, também reflete a expansão mais forte do consumo.

Despesas públicas impulsionam consumo

O desempenho do consumo acima do esperado deriva do aumento nas despesas públicas, que subiram quase 9%, no primeiro semestre deste ano, na comparação com o primeiro semestre de 2022, em combinação com o recuo da inflação e a resistência dos níveis de rendimento no mercado de trabalho. Ênfase na elevação do salário mínimo e dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

Diferentemente do ocorrido no primeiro trimestre, quando o extraordinário avanço da agropecuária respondeu sozinho por mais de 80% da variação do PIB, no segundo trimestre, além dos serviços, também a indústria deu contribuição mais relevante para o crescimento. Essa contribuição veio, principalmente, do segmento da indústria extrativa mineral, com destaque para a produção de petróleo.

Investimento fraco indica dificuldades para ampliar produção

O lado mais negativo dos números do PIB do segundo trimestre vem do investimento. O volume de recursos aplicados em máquinas, equipamentos e construção, no segundo trimestre, ficou estável, na comparação com o primeiro trimestre, mas recuou 2,6%, em relação ao mesmo trimestre de 2022.

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Indicando dificuldades para ampliar a produção e elevar o PIB, a taxa de investimento caiu de 18,3%, no período de abril a junho do ano passado, para 17,2% do PIB, neste segundo trimestre de 2023. A taxa de poupança também recuou, alcançando 16,9% do PIB, ante 18,4% do PIB, no segundo quarto de 2022.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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