Ex-tecelã lucra com viagens para 3ª idade; veja mais negócios para idosos

Depois de ser obrigada a se aposentar por invalidez devido a um problema de audição, a ex-tecelã Thereza Ramos Queda, 68, descobriu uma vocação para organizar roteiros turísticos e assessorar pessoas.

Com um investimento inicial de R$ 10 mil, em 2000, ela abriu a agência de turismo Cinthe-tur e começou a criar pacotes de viagens para o público da terceira idade. A empresa não divulga faturamento.

Hoje, a empresa oferece pacotes com destinos nacionais e internacionais, com preços que variam de R$ 600 – para um fim de semana em Campos do Jordão (181 km a nordeste de São Paulo)  a R$ 11 mil  – região de Provence, no sul da França.

A agência também trabalha com passeios para teatro, por exemplo, e excursões de um dia para Holambra (133 km a nordeste de São Paulo) e São Roque (66 km a oeste de São Paulo), a partir de R$ 95.    

Segundo a Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens), a terceira idade representa 15% da carteira ativa das agência de viagens – pessoas que viajam com frequência. Entre os destinos mais procurados estão Buenos Aires (Argentina), Lisboa (Portugal), Serra Gaúcha (RS), Natal (RN) e Recife (PE).

De acordo com especialistas, os negócios para a terceira idade estão em alta. Estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) mostra que até 2050 cerca de 30% dos habitantes do país terão acima de 60 anos.

O levantamento também aponta que a expectativa de vida deverá chegar aos 81 anos.

Excursões para amigos e parentes motivou negócio

De acordo com Queda, o gosto por viagens começou quando ela passou a organizar excursões para amigos e parentes para cidades próximas à capital de São Paulo.

Na década de 80, ela descobriu o nicho da terceira idade ao observar que idosos (principalmente aposentados e viúvos) viajavam separados e solitários. 

"Comecei a reunir essas pessoas em passeios e shows e o boca a boca ajudou a divulgar a minha proposta", afirma ela.

Junto com a filha Cintia, 40, Queda resolveu criar a agência em 2000. Para atrair esses clientes, que representam 60% das vendas da agência, ela priorizou o atendimento personalizado.

A empresa providencia a emissão do visto de viagem, o transporte do cliente durante toda a viagem, além de um guia que fala português. "Esses dois itens – deslocamento e idioma – são muito importantes porque esses clientes precisam de mais tempo para conhecer os lugares e de uma pessoa que fale sua língua".

Saúde, alimentação e home care atraem consumidores

De acordo com o consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo), Reinaldo Messias, a "cultura da terceira idade" começa a ter espaço no dia a dia e o empreendedor que se planejar sairá na frente.

Além de saúde e turismo, os setores de alimentação e home care, segundo Messias, atraem consumidores da terceira idade.

De acordo com o consultor, fazer um estudo de mercado, com perfil, gosto e hábitos desse consumidores, é fundamental para o negócio.

"Soube de um empresário que misturou jovens e pessoas da terceira idade na mesma academia, causou constrangimento e o negócio não prosperou", diz ele.

Cliente exige atendimento paciente e exclusivo

Quem deseja trabalhar com o público da terceira idade deve saber que ele quer fazer suas atividades com calma e exige mais a atenção do vendedor ou do prestador de serviço, segundo o vice-presidente nacional da Abav, Leonel Rossi Junior.

"Ele não tem pressa na hora de comprar e vai ouvir tudo o que a pessoa que está vendendo tem a dizer. Por isso, é importante que o empreendedor tenha um perfil mais sociável, pois precisará dar toda a atenção a esse cliente ."

De acordo com Rossi, quem quer entrar neste mercado pode encontrar grupos de terceira idade em sindicatos, igrejas e associações.

Serviço:

Cinthe-tur: Rua Platina, 1459, Tatuapé (SP). Fone: (11) 2294-7140. Site: www.cinthetur.com.br