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Primeiro censo nas favelas da Maré registra 3.000 pontos comerciais na área

Da Agência Brasil

23/07/2014 14h38

Cerca de 3.000 empreendimentos, a maioria informais, empregam 9.000 pessoas no Complexo da Maré, conjunto com 16 favelas e 130 mil moradores.

Os dados são do primeiro censo econômico realizado na região. A pesquisa completa será divulgada nesta quinta-feira (24) no 1º Seminário de Empreendedores da Maré, pelas organizações não governamentais (ONGs) Redes Maré e Observatório das Favelas.

O evento acontecerá dentro do próprio complexo, às 17h30, no Centro de Artes da Maré, e vai apresentar aos empreendedores o perfil de seus negócios, para discutir as possibilidades de organização e atendimento das necessidades.

"A pesquisa mostra a possibilidade de gerar oportunidades para quem mora aí dentro. Mostra que a Maré tem uma economia potente, que emprega mão de obra local, atende a clientes locais e tem até fornecedores locais", analisou o geógrafo Dalcio Gonçalves, que trabalha na ONG Observatório de Favelas e foi um dos coordenadores da pesquisa.

Em média, os estabelecimentos empregam 2,94 pessoas, e, de acordo com Dalcio, 76% dos trabalhadores moram na própria Maré.

O estudo considerou como empreendimentos barracas fixas, lojas e residências em que havia anúncio de prestação de serviços na fachada.

Serviços ilícitos, como a venda de pirataria, foram excluídos. Os bares e restaurantes foram os estabelecimentos mais frequentes na pesquisa, seguidos pelo setor de estética, com salões de beleza e barbearias, e de vestuário.

"Sem dúvida, um território em favela, o espaço público é bastante utilizado pelas pessoas. O ambiente de convivência é muito intenso. Os bares, por exemplo, são pontos privilegiados para esses encontros. Eles materializam bastante isso. E não há dúvida de que esta ambiência dos espaços públicos também estimula os cuidados com a aparência", diz o geógrafo, que também menciona a falta de opções culturais, como cinemas e teatros, como um reforço a essa dominância dos bares.

O censo também identificou que uma das necessidades desses comerciantes é o acesso a serviços bancários, como crédito. A ausência de agências bancárias no complexo e a falta de informação sobre instrumentos financeiros estão entre os motivos.