Expansão das ciclovias em SP eleva procura por aluguel de bike em até 20%
Quase um quarto dos 83,21 quilômetros de ciclovias na capital paulista foi instalado em 2013 e 2014. Além de beneficiar os ciclistas da cidade, a expansão da malha cicloviária aumentou a procura por aluguel de bikes de 10% a 20%, segundo empresários do ramo.
O empresário Luiz Pina, 57, é sócio da Green Bike, que faz 6.000 aluguéis de bikes por semana em quatro pontos de São Paulo: no parque Villa Lobos, no shopping JK Iguatemi e na avenida Faria Lima, zona oeste da cidade, e na rua Inhambu, na zona sul. O preço do aluguel varia entre R$ 7 e R$ 30 a hora, dependendo do modelo da bicicleta.
Segundo ele, no ano passado, o movimento nas lojas aumentou entre 15% e 20%. A primeira estação de aluguel, no Villa Lobos, foi aberta há 15 anos, com investimento de R$ 600 mil.
“Começamos o negócio como convidados e, em 2009, vencemos o processo de licitação", afirma. De acordo com o empresário, nas outras estações, o investimento médio inicial foi mais baixo, de R$ 380 mil.
Com um faturamento médio mensal de R$ 290 mil, somadas todas as estações, e margem de lucro de 10%, Pina conta que os negócios estão crescendo. “Em outubro, vamos abrir mais uma loja de locação e venda, no Alto da Lapa, na zona oeste”, diz.
Faturamento no Ibirapuera depende dos domingos de sol
No parque Ibirapuera, o empresário Flávio Valdomiro, 36, oferece o serviço de aluguel de bicicletas desde 1997. Vencedora do processo de licitação, a Flávio Bike começou investindo R$ 10 mil em 20 bikes e o negócio deu retorno em seis meses. Hoje, em média, são mil locações por semana, a R$ 5 a hora.
“O faturamento depende muito do tempo porque ninguém frequenta o parque com chuva ou frio”, fala Valdomiro. Em geral, a receita do negócio fica entre R$ 20 mil e R$ 30 mil, com margem de lucro entre 16% e 32%.
O empresário atribui o aumento de 10% no faturamento nos últimos três anos ao incentivo que a construção de novas ciclovias dá ao uso da bicicleta. “Mas, por enquanto, o movimento só aumenta aos domingos de sol”, diz.
Tanto Pina quanto Valdomiro trabalham com um esquema de locação em que o cliente retira e devolve a bicicleta no mesmo lugar. Embora seja mais barato do que construir várias estações pela cidade, o negócio tem a desvantagem de não explorar diretamente a expansão da malha cicloviária.
Além dos 83,2 quilômetros de ciclovias, a cidade tem 120,8 quilômetros de ciclofaixas de lazer, que funcionam aos domingos e feriados, das 7h às 16h. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) diz que a cidade terá 400 quilômetros de vias para bicicletas até o final de 2015.
Concorrência com serviços grátis é difícil
O Bike Sampa, do Itaú, e o CicloSampa, do Bradesco oferecem serviço gratuito de empréstimo de bicicletas (por uma hora no Itaú e por meia hora no Bradesco).
O consultor de marketing do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Marcelo Sinelli, diz que é difícil concorrer com um serviço grátis, mas há maneiras de o empreendedor resolver esse problema.
"O empresário precisa pensar em adicionais que ele pode oferecer para valorizar seu serviço", afirma. "Pode ser a venda de água de coco e de açaí nas estações ou aluguel de capacetes e luvas, por exemplo."
Outras dificuldades são a topografia acidentada de São Paulo, a cultura de valorização do carro e os riscos à segurança do ciclista. “Todo produto que entra no mercado passa pelas fases de introdução, transição, maturidade e declínio”, diz Sinelli. “A bicicleta ainda está na fase de transição.”
Ele diz, no entanto, que é um mercado promissor. “É uma tendência, nas grandes cidades, adotar um estilo de vida mais saudável e fugir da loucura do automóvel”, afirma. “Só não sabemos se o crescimento do mercado será de 5% ou 30%, já que é um nicho complexo”.
Onde encontrar
Flávio Bike: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, parque Ibirapuera. Fone: (11) 98753-1617.
Green Bike: (11) 3021-5914. Site: www.greenbikelocadora.com.br
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