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ONG britânica recruta voluntários para ensinar empreendedorismo no Quênia

Mariana Bomfim

Do UOL, em São Paulo

10/09/2014 06h00

Mais de 150 jovens já participaram da Balloon Kenya desde que a ONG foi criada, em 2012. A organização é um projeto britânico de empreendedorismo social que seleciona voluntários universitários ou recém-formados no mundo todo. Neste ano, recebeu o primeiro brasileiro, o gaúcho Igor Macedo de Miranda, 24.

Os jovens passam seis semanas em Nakuru, a 160 quilômetros da capital do Quênia, Nairóbi, prestando consultoria para que empreendedores tirem suas ideias do papel e pequenos negócios locais prosperem.

A ideia da ONG surgiu em 2010, quando o britânico Joshua Bicknell, 27, foi ao Quênia entrevistar pessoas que lutaram no conflito civil ocorrido no país entre 2007 e 2008, após denúncias de fraude eleitoral. A pobreza e o desemprego chamaram a sua atenção.

“Voltei para a Inglaterra pensando na necessidade urgente de se criar empregos em todos os estratos da sociedade queniana”, ele diz.

Ao mesmo tempo, percebeu que muitos dos seus amigos que haviam acabado de se formar estavam frustrados com a dificuldade de encontrar trabalho no Reino Unido. Junto com Douglas Cochrane, que conheceu durante um estágio, e o chileno Sebastian Salinas, Bicknell criou, então, a Balloon Kenya.

Parte da taxa de inscrição vai para fundo que financia as melhores ideias

O projeto é financiado de duas maneiras. Das 2.000 libras (cerca de R$ 7.300) que os voluntários selecionados pagam para participar, uma parte vai para as despesas com estadia e o restante é destinado a um fundo. “A outra maneira é a compra de vagas por algumas universidades, que enviam seus melhores alunos”, diz Cochrane.

Ao final do programa, recursos desse fundo financiam, a juros baixos e sem garantia, as melhores ideias de negócios dos empresários quenianos.

“Uma empresa em que investimos no ano passado, a 2-Go, vende bebidas como suco e café em uma tenda na cidade”, fala Cochrane. “Ela não teria conseguido empréstimo bancário porque é uma start-up e o negócio é muito arriscado para financiadores tradicionais.”

Quando estava em Nakuru participando de um evento, em março, Bicknell diz ter se surpreendido ao ver que os lanches e bebidas do "coffee break" haviam sido fornecidos pela 2-Go. “Eu sabia que o negócio estava prosperando, mas não imaginei que já estavam tão profissionais”, diz.

O projeto está em expansão. Além do Quênia, acontece no Chile desde 2013 e será inaugurado em Uganda em 2015.

Carreira de egressos do projeto é acompanhada pela ONG

Cochrane afirma que a Balloon Kenya não traz benefícios só para os empresários locais. “Nós monitoramos os voluntários depois do programa e vemos que estão se saindo bem. Alguns foram trabalhar em consultorias como Boston Consulting Group e McKinsey”, ele fala.

“Outros estão em entidades voltadas para o desenvolvimento, como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a Acumen.”

A coordenadora do Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Graziella Comini, diz que as empresas se interessam por jovens que desenvolvem atividades voluntárias.

“Cada vez mais, as organizações privadas desenvolvem programas de voluntariado”, ela diz. “Eles contribuem com o desenvolvimento sustentável e também geram, nos colaboradores, a consciência do seu papel na sociedade.”

Como se inscrever

www.balloonkenya.com