Abrir empresa enquanto trabalha aumenta risco de falência; veja 10 erros
Em pouco mais de um ano, o empreendedor Danilo Roselli, 22, teve duas start-ups fechadas. Ambas duraram cerca de seis meses e se enquadram na faixa de risco identificada por uma pesquisa da Fundação Dom Cabral feita com 291 empresas. De acordo com o estudo, 25% das start-ups (empresas iniciantes de tecnologia) fecham as portas em até um ano de atividade.
Não dedicar tempo integral à empresa, desalinhamento de interesses pessoais e profissionais dos fundadores e falta de capital para investir no negócio foram as principais causas da mortalidade apontadas pelos empreendedores na pesquisa.
“Uma empresa deve nascer a partir de um problema ou necessidade no mercado, mas muitas start-ups fazem o inverso, criam uma solução e tentam encaixá-la no mercado sem saber se, de fato, as pessoas precisam dela”, diz Carlos Arruda, um dos autores da pesquisa.
A primeira empresa de Danilo Roselli foi um e-commerce de perfumes, aberto em outubro de 2012. A ideia que parecia simples, segundo o empreendedor, mostrou-se bastante complexa. Ao conversar com usuários e empresas que vendem pela internet, ele descobriu uma série de entraves para o negócio.
“Precisaríamos de um investimento muito alto em estoque, em um centro de distribuição e na logística de entrega e recebimento dos pedidos. Quando percebemos que seria inviável, já tínhamos gastado tempo desenvolvendo o site”, diz.
Na segunda empresa, uma rede social para ONGs, o fator decisivo para o fim do negócio foi a diferença de objetivos dos sócios. Danilo Roselli planejava uma viagem aos Estados Unidos e não teria condições de se dedicar à start-up. “Além disso, éramos os três da mesma turma na faculdade e tínhamos as mesmas habilidades”, afirma.
Em um ano, empresário investe R$ 330 mil, mas start-up fecha
O mineiro Felipe Domingues, 27, também passou pela experiência de fechar uma start-up. Em 2011, junto com mais três sócios, ele criou um site para lojistas anunciarem seus produtos. No entanto, o serviço não teve o retorno esperado e fechou em um ano.
“Tivemos uma ideia que julgamos ser muito boa, mas não conversamos com possíveis clientes para saber se a nossa solução fazia sentido para eles. Hoje, percebo que o serviço não é tão útil quanto imaginamos que fosse”, declara.
Para manter a empresa com 15 funcionários durante um ano, Domingues estima ter gasto R$ 330 mil, incluindo os custos para fechamento do negócio.
Sem deixar-se abater pelo fracasso, o jovem abriu uma nova start-up, a Quartilho, que ajuda no financiamento de cadeias produtivas. Dessa vez, ele diz ter corrigido os erros anteriores. “Conversamos primeiro com possíveis clientes e vimos que há mercado para nossa ideia. O produto foi validado.”
Ter mais dinheiro pode causar o fracasso
Uma quantidade maior de dinheiro pode estar associado às chances de sobrevivência do negócio. Segundo a pesquisa da Fundação Dom Cabral, quando a empresa tem capital para se manter entre dois meses e um ano, a possibilidade de fracasso é três vezes maior do que quando ela tem dinheiro para cobrir os custos por apenas um mês.
“Quando a start-up tem dinheiro em caixa, ela tende a se acomodar e a postergar determinadas etapas, diferente daquela que tem pouco capital e precisa faturar logo para sobreviver”, afirma Arruda.
No entanto, o diretor de empreendedorismo da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Marcelo Nakagawa, não acredita que ter dinheiro em caixa seja um fator de risco para o negócio. “O erro está em como dinheiro é gasto e não no fato de ter uma reserva de capital”, diz.
Nakagawa afirma, ainda, que as start-ups deveriam ter mentores para ajudá-las a tomar decisões e a aplicar melhor o próprio dinheiro. “O mentor pode ser um empresário, executivo ou professor com conhecimento do mercado. Ele não cobra pelo serviço e mostra quais caminhos a empresa pode seguir para superar dificuldades”, declara.
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