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Artesã faz cópia de bebê com batimento cardíaco, respiração e cabelo humano

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/03/2017 04h00

Depois que o filho nasceu, a artesã Eliane Oliveira Saráo, 48, precisou abandonar o emprego fixo de gerente de loja para cuidar dele, que tinha problemas no coração. Começou, então, a fazer peças de artesanato com biscuit e outros artigos para vender e ajudar na renda familiar.

Ao ver um bebê reborn (como são conhecidos os bonecos que imitam bebês de verdade) na internet, ela se interessou pela técnica, fez um curso e começou a produzir as peças em agosto de 2010, quando criou o ateliê Borbulhart Bebês Reborn em Ribeirão Preto (313 km a norte de São Paulo).

Sua empresa faz bonecas hiper-realistas personalizadas, que parecem ter pele humana e simulam respiração e batimento cardíaco, a partir de fotos mandadas pelas famílias que encomendam as peças.

No início, ela fazia um boneco por mês. Hoje produz entre 10 e 12, chegando a 18 na época de fim de ano. A empresária não revela faturamento nem lucro, mas diz que cada peça custa entre R$ 1.200 e R$ 3.000, dependendo do molde e dos acessórios colocados no bebê (batimento cardíaco, simulador de respiração, olhos de acrílico ou de vidro etc.).

Negócio começou com R$ 6.000

Saráo afirma que, quando conheceu os bonecos, observou que poucas profissionais faziam o trabalho. Por isso investiu R$ 6.000 para fazer o curso, comprar material de pintura, acabamento e os primeiros moldes de silicone dos bebês, que são importados.

A maioria das peças que eu via na internet tinha sido feita por artesãs de outros países. Soube de uma profissional de São Paulo que dava o curso e resolvi investir."

Mães são as principais clientes

Segundo a artesã, as mães que desejam ter uma "cópia" do filho ou que querem dar um bebê personalizado para a filha, são suas principais clientes. Mulheres que não conseguiram ter filhos também costumam comprar bonecos com as suas características, de acordo com ela.

A empresária ainda produz peças para vitrines de lojas de roupas e artigos infantis, para escolas que dão aulas sobre cuidados com o bebê para mães de primeira viagem e para produção de peças de teatro.

Já fiz bonecos para mães que perderam os filhos e mandaram fotos para reproduzi-los. É muito triste, mas eu sempre procuro alertá-las que são bonecos e que elas não podem tratá-los como filhos."

Bonecos têm pelo de cabra ou cabelo humano

Saráo diz que todos os bonecos que ela produz são feitos de vinil siliconado (uma espécie de borracha misturada com silicone) que permitem a articulação dos braços e pernas, segundo Saráo. O enchimento é feito com fibras de plumante (manta sintética) e saquinhos de areia de passarinho. Os bebês pesam de 2,1 Kg  a 3,2 kg.

A pintura do corpo é feita em camadas. Dependendo da tonalidade, ele pode ser pintado até 13 vezes. Depois ele é levado ao forno para fixar a tinta. Bebês até cinco meses têm cabelos feitos com pelo de cabra. Acima desta idade, ela usa cabelos humanos. Todos os fios são implantados um a um manualmente.

A empresária diz que tem um catálogo com alguns bonecos, mas muitas clientes enviam foto de um bebê para personalizar. "Quanto mais personalizado, mais caro ele fica. Por isso algumas acabam pedindo adaptação dos bonecos que eu já tenho no catálogo, alterando olhos ou tonalidade de cabelo, por exemplo."

Produtos personalizados estão em alta

Para Caroline Minucci, consultora de marketing do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), oferecer produtos personalizados é uma tendência que vem atraindo cada vez mais consumidores.  "A produção de bebê reborn é uma técnica complicada que não tem concorrência. É possível ganhar muito mercado."

Minucci afirma, no entanto, que por trabalhar com peças importadas, o que torna o custo da produção elevado, e ser um trabalho muito demorado , a rentabilidade do negócio pode ser afetada. "Eu soube de casos que o bebê demorou quatro meses para ficar pronto."

Onde encontrar:

Borbulhart - http://www.borbulhart.com.br/
 

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