Poupança, Tesouro, CDB? Veja onde investir seu dinheiro em 2015
2015 deve ser o ano da renda fixa. Na análise de cinco especialistas consultados pelo UOL, a perspectiva de alta dos juros, que já estão no maior nível desde 2011, deve favorecer o desempenho das aplicações ligadas a juros pós-fixados, como fundos DI, investimento em LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) no Tesouro Direto, LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), além de CDBs.
A inflação medida pelo IPCA também deve permanecer ao redor do limite máximo fixado pelo governo (6,5% ao ano), o que favorece a compra de títulos indexados à inflação, como as NTN-Bs, também disponíveis pelo Tesouro Direto.
Para quem investe em ações, a perspectiva é de um desempenho fraco. Em época de alta das taxas de juros, ações e títulos que pagam juros prefixados costumam atrair menos investidores, por embutirem um risco maior.
Leia, a seguir, as dicas de onde aplicar o dinheiro em 2015.
As análises foram feitas por Bernardo Guimarães, professor da Escola de Economia de São Paulo (FGV/EESP); Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro; Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper; Samy Dana, professor da FGV/SP, e Tatiane Cruz, gestora de recursos da Coinvalores.
POUPANÇA
Apesar da vantagem de ser isenta de Imposto de Renda e taxas de administração, à medida que a taxa de juros sobe, a poupança perde cada vez mais atratividade, pois sua remuneração é fixa em 0,5% ao mês mais TR.
"O poupador corre o risco de não conseguir repor nem sequer as perdas com a inflação, caso esta continue subindo", diz Mauro Calil. A poupança pode ser usada apenas para guardar o dinheiro do dia a dia, e por um período curto de seis meses, mas não deve ser utilizada como investimento.
FUNDOS DE RENDA FIXA
Fundos DI, que acompanham o aumento da taxa Selic, devem ser destaque. "Mas o investidor deve ficar atento às taxas de administração, que não devem ultrapassar 1% ao ano", diz o professor Samy Dana. Os fundos também têm incidência de Imposto de Renda, cuja tabela, regressiva, varia de 22,5% para aplicações que permanecerem menos de 180 dias até 15%, para o dinheiro aplicado por mais de dois anos.
CDB
Se o investidor obtiver taxas acima de 90% do CDI, já estará ganhando mais do que na poupança, afirma o professor Michael Viriato. Os bancos de segunda linha pagam uma melhor rentabilidade, mas também têm mais risco. Investimentos até R$ 250 mil são cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em caso de falência do banco.
O CDB não tem taxa de administração, mas paga Imposto de Renda, como nos fundos de investimento. "Assim, se for deixar o investimento por seis meses, deixe por seis meses mais um dia, para diminuir o imposto", diz Mauro Calil.
TESOURO DIRETO
"É uma aplicação democrática, porque quem tem R$ 30 vai ter a mesma rentabilidade que quem tem R$ 1 milhão", diz Samy Dana. Para investimentos de curto prazo, até dois anos, os especialistas sugerem investir nos títulos pós-fixados, que seguem a taxa Selic.
Para o longo prazo, pensando na aposentadoria, todos os especialistas recomendam a NTN-B, que são os papéis indexados à inflação. Michael Viriato, do Insper, sugere ainda a compra de papéis prefixados para o longo prazo. Para fazer o investimento, é necessário abrir um cadastro e ter conta em uma corretora ou banco. Saiba como escolher o melhor título para seu investimento.
FUNDOS IMOBILIÁRIOS
São investimentos que funcionam como um condomínio de investidores que se reúnem para aplicar em imóveis. O patrimônio destes fundos pode ser composto de imóveis comerciais, residenciais, rurais ou urbanos, construídos ou em construção, que serão vendidos, alugados ou arrendados. Segundo Tatiane Cruz, o aumento da taxa de juros desestimula os investidores a aplicar em fundos imobiliários.
"O retorno dos aluguéis está dando 0,8%. Se a taxa de juros sobe, fica mais vantajoso investir na renda fixa. Além disso, as cotas dos fundos também podem se desvalorizar. "As pessoas investem em imóvel achando que é seguro, mas quando aplicam num fundo imobiliário, percebem que é um mercado que sobe e desce, como renda variável", diz Michael Viriato.
IMÓVEIS
A pessoa que deseja comprar a casa própria pode encontrar boas oportunidades em 2015, pois as construtoras estão tendo muitas devoluções (distratos) e baixam o preço para vender. Para fazer dinheiro com imóveis, segundo Mauro Calil, a fórmula é comprar barato. "Comprar em leilões ou apostar em áreas que ainda serão desenvolvidas", diz.
Quem compra um imóvel para alugar deve se lembrar que, enquanto o imóvel estiver desocupado, os custos de IPTU, condomínio e manutenção correm por sua conta. Além disso, há o risco de o lugar se desvalorizar. "Imagine se a cracolândia se instalar do lado do seu imóvel", diz Calil.
AÇÕES
O cenário incerto divide os especialistas. "Teoricamente, com juros altos fica desvantajoso investir em mercado de ações", diz Tatiane Cruz. Michael Viriato, do Insper, discorda. "Sem risco não existe prêmio. A hora de investir é quando o cenário tem incertezas para aquele mercado, porque possibilita ganhos maiores. Mas o investimento deve ser feito com cuidado, aos poucos, avaliando as opções.".
Para quem quer investir em ações, Mauro Calil sugere buscar dois fatores principais: capacidade gerencial e barreiras contra ingerência política. Bernardo Guimarães aconselha a investir em fundos de ações para diluir o risco. "A pessoa que não trabalha com ações não deve comprar de forma individual. Invista em fundos. Se, por um lado, as perspectivas da economia são bastante ruins, os preços estão muito baixos. É uma oportunidade", diz.
DÓLAR
Não é recomendado como investimento. Os especialistas aconselham a comprar a moeda apenas se for ter gastos como viagens. Nesse caso, a compra deve ser feita aos poucos, para diluir o risco do preço.
Para quem quer ter algum investimento atrelado ao dólar, há a opção dos fundos cambiais. "O fundo cambial vai mal quando a situação está boa e fica bom quando a situação está ruim. Funciona como uma proteção", diz Bernardo Guimarães.
LCI e LCAs
As letras de crédito imobiliário (LCI) e letras de crédito do agronegócio (LCA) são opções para investir em renda fixa e se tornam atraentes pela isenção do IR e garantia do Fundo Garantidor de Créditos. A desvantagem é que costuma ter prazo para retirar o dinheiro e exigir investimento mínimo. Segundo Mauro Calil, rentabilidade acima de 82,5% já é superior ao ganho da poupança.
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