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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

E depois das eleições? Vale a pena esperar o resultado para investir?

Valter Police

05/09/2022 04h00

O que fazer com meus investimentos se determinado candidato ganhar? Com as eleições se aproximando, essa pergunta se torna cada vez mais comum, com o aumento da ansiedade dos investidores e, muitas vezes, de temores que nem sempre são reais, mas fantasmas que criamos a cada 4 anos.

Com isso não quero dizer que a escolha do próximo presidente não tenha impactos importantes na economia e, portanto, nos investimentos. É claro que tem. Também não quero dizer que não tenho uma opinião sobre o que seria a melhor escolha. Eu tenho.

O que quero dizer é que muitas vezes nós exageramos os perigos e nos assustamos acima do que a razão e a experiência indicam e, ao fazermos isso, temos comportamentos que prejudicam de forma importante o desempenho dos nossos investimentos.

O histórico brasileiro das últimas décadas mostra que o Brasil é como um transatlântico cujas manobras são lentas e, muitas vezes, tendem a não acontecer por completo, seja quando tentamos virar para o lado esquerdo, seja para o lado direito. Temos um congresso atuante, que funciona como um lastro ou um contrapeso, sempre dificultando movimentos muito amplos e tendendo a voltar o nosso transatlântico para a posição central.

Quando converso sobre investimentos muita gente me diz que irá aguardar os resultados das eleições para tomar as decisões, mas será que isso é uma boa medida? Em 2019, primeiro ano após a última eleição, com a vitória do atual presidente, a bolsa subiu 32%.

Vale lembrar também que em 2003, logo após a eleição que elegeu o candidato que concorre hoje com o presidente, a bolsa também subiu, nesse caso mais ainda, com 97%. Esperar para ver o que acontece normalmente faz com que percamos ótimas oportunidades e acabamos comprando os ativos caros.

O que quero dizer é que esperar quem será o próximo presidente ou aguardar até que os juros baixem para tomar boas decisões de investimento não faz sentido. A expectativa da economia é que no próximo ano a inflação e os juros caiam, embora com crescimento menor do que o esperado para esse ano.

E essas são as expectativas com o cenário eleitoral atual. Essas expectativas irão se concretizar? Ninguém sabe, mas essas incertezas existem mesmo quando não há eleições, dadas as dinâmicas do mercado.

Desta forma, seja com a inflação e os juros altos como vemos hoje, seja com a tendência de queda para o próximo ano, seja em ano eleitoral ou não e, independentemente de quem for escolhido o próximo presidente da república, a melhor carteira de investimentos é aquela que é construída levando em conta seus objetivos e seu perfil de risco como investidor, além de contar com diversificação profissional, o que na maior parte dos casos irá indicar diversas classes de ativos como renda fixa, ações e investimentos internacionais, em proporções diferentes para cada investidor individual.

Além disso, sabe aquela história de que "como os juros estão altos eu vou deixar tudo na renda fixa"? Então, ela pode cobrar um preço bem alto. No mesmo ano de 2003 em que a bolsa rendeu 97%, os juros estavam a casa dos 16% - mais altos do que hoje. Em um exemplo mais recente, em 2016 os juros estavam em 14%, patamar muito parecido com o de hoje, mas a bolsa rendeu 39%. Isso vai acontecer nesse ano ou no ano que vem? Novamente ninguém sabe.

O que sabemos é que mudar sua carteira de investimentos ao sabor do cenário econômico de curto prazo faz bem apenas para quem ganha dinheiro vendendo investimentos, que vê as carteiras dos clientes "girarem", rendendo altas comissões. Para os investidores, mudanças táticas para acompanhar o cenário fazem parte, mas não se sobrepõem à alocação estratégica de uma carteira diversificada. É assim que os maiores e melhores investidores cuidam do seu dinheiro.

Por que você não segue esse caminho ao invés de ficar preocupado com as notícias do dia, da semana ou do mês, fornecidas muitas vezes pelos próprios vendedores dos produtos de investimento que se beneficiam da sua ansiedade?

Uma dica: monte uma carteira com gestores profissionais e dê menos atenção às notícias sobre investimentos por algum tempo. Faça uma espécie de desintoxicação desse assunto. Sua vida vai ficar mais tranquila e seus investimentos terão tempo para buscarem os melhores resultados para você. Com ou sem eleições.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.