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IPVA ou IPTU à vista ou parcelado? A dúvida que aparece todos os anos

A volta das festas de fim de ano traz sempre muitas boas memórias, novos planos e esperanças renovadas. Só que nessa mesma época nos deparamos com algo que não é tão positivo quanto os itens anteriores: os impostos sobre propriedades.

São eles o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, que é estadual) e o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano, que é municipal). Eles dão as caras logo no início de cada ano, fazendo as despesas, que já estão turbinadas pelas férias e festas passadas, serem ainda mais pesadas. Sabendo disso, os poderes públicos fornecem várias opções para o pagamento desses tributos, com parcelamentos "sem juros" ou descontos para pagamentos à vista.

Mas para começo de conversa sobre essas formas de pagamento, a parte do "sem juros" não é verdade: todas as vezes que existe um desconto para pagamento à vista, o parcelamento não é sem juros, uma vez que o valor verdadeiro é aquele com desconto e, sendo assim, existem juros embutidos.

Por esse motivo, muitas pessoas questionam qual a melhor escolha para efetuar esse pagamento, se à vista ou parcelado. Vou tentar te guiar para que você faça a melhor escolha para sua situação individual e também saiba como fazer as contas nos próximos anos ou em outras localidades. Para isso, vou usar o exemplo da cidade de São Paulo para o IPTU e do estado de São Paulo para o IPVA.

O IPTU na cidade de São é passível de ser pago à vista, com 3% de desconto ou em até 10 vezes "sem juros". Vamos fazer um exemplo com um valor de R$ 3.000 de imposto. Neste caso, poderíamos optar por pagar dez parcelas de R$ 300 ou R$ 2.910 à vista, com o desconto de 3%. O que é melhor? Para sabermos a resposta, precisamos calcular qual a taxa de juros embutida, já que, como falamos, "sem juros" é de mentirinha.

Fazendo o cálculo, iremos descobrir que a taxa de juros mensal embutida é de 0,68%, o que corresponde a uma taxa anual de 8,52%. Com o nível de juros no país hoje e as perspectivas para o ano de 2024, essa não é uma taxa tão alta. Assim, mesmo que tenha os recursos para pagar à vista, é bastante provável que o rendimento de um investimento, mesmo conservador, seja maior. Em outras palavras, matematicamente é mais vantajoso parcelar o pagamento.

Agora vamos ao IPVA. No estado de São Paulo, o pagamento pode ser feito em até cinco parcelas ou com desconto de 3% —igual ao desconto do IPTU, mas com metade da quantidade de parcelas. Nesse cálculo, partindo da mesma base de um imposto de R$ 3.000, o valor de cada parcela seria de R$ 600 e o pagamento à vista ficaria em R$ 2.910. Parecido com o IPTU, não é mesmo? No entanto, a diferença da quantidade de parcelas fará com que a taxa de juros embutida seja muito maior. Nesse caso, a taxa mensal chega a 1,55%, o que resulta em uma taxa anual de 20,22%. Aqui é praticamente impossível que você tenha um retorno maior do que esse em um investimento conservador. Desta forma, é mais vantajoso matematicamente pagar à vista.

Veja como fazer os cálculos em sua cidade ou estado, que tem alíquotas e prazos de parcelamento diferentes.

Consiga uma HP12-C (pode ser a própria calculadora, um aplicativo que faça a mesma função ou um site que faça cálculos financeiros —é fácil de achar). Se preferir pode usar o MS-Excel também.

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Informe como Valor Presente (PV) o imposto com o desconto para pagamento à vista. Você deve primeiro digitar o número e, em seguida, apertar o botão correspondente.

Informe a quantidade de parcelas (n).

Informe o valor das parcelas. Esse número deve ter o sinal negativo. Depois, aperte o botão PMT.

Informe que o pagamento da primeira parcela é feito na mesma data do pagamento à vista, apertando o botão Begin.

Pergunte a taxa (i).

Assim, a calculadora vai te informar a taxa que está embutida nesse parcelamento, e você poderá tomar a melhor decisão. Se a taxa mensal é maior que o rendimento de um investimento, é melhor pagar a vista. Se é menor, você pode considerar investir o dinheiro.

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Para concluir e te ajudar a tomar uma decisão ainda mais embasada, caso você não tenha os recursos para pagamento à vista, não vale a pena pegar empréstimos para pagar à vista, dado que os custos serão maiores, dadas essas taxas.

Além disso, vale lembrar que, ao pagar à vista, você elimina dois riscos: o de esquecer de pagar alguma parcela, o que pode dar uma grande dor de cabeça, e o de acabar gastando o dinheiro, que está disponível agora para esse pagamento, em algo que não seja tão relevante e acabe tendo que usar crédito para pagar alguma parcela.

Com tudo isso em mente, boas decisões!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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