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Importância da gestão profissionalizada para a expansão do turismo no país

O turismo brasileiro dá sinais claros de recuperação, fechando 2023 com quase 6 milhões de visitantes estrangeiros, cerca de 60% acima do acumulado de 2022, quando o país recebeu 3,6 milhões de turistas. O setor foi um dos mais afetados pela pandemia, passando de 6,4 milhões de estrangeiros em 2019 para 2,1 milhões em 2020 e meros 745 mil em 2021, de acordo com o portal de dados da Embratur.

Segundo o Banco Central, os turistas internacionais que visitaram o Brasil durante o ano de 2023 deixaram no país o equivalente a R$ 34,5 bilhões. O valor supera o recorde anterior, de R$ 30 bilhões, registrado em 2014, ano em que o país sediou a Copa do Mundo. Diante deste cenário, os players que sobreviveram aos desafios da pandemia e buscaram se profissionalizar saíram mais aptos para aproveitar a retomada e crescer.

A inauguração do escritório da Organização Mundial do Turismo (OMT) no Rio de Janeiro, em dezembro de 2023, mostra a confiança da organização no potencial turístico do nosso país. Outro ponto importante foi a aprovação, em janeiro, do Plano Nacional de Turismo para o quadriênio 2024-2027.

De acordo com o ministro do Turismo, Celso Sabino, a pasta tem a meta ousada de atrair cerca de 10 milhões de turistas estrangeiros por ano até 2027. Internamente, o ciclo de queda da Selic, iniciado em agosto de 2023, e a diminuição do custo de capital começam a aquecer o consumo da população. Aos poucos, com as dívidas pagas, o brasileiro deve retomar pequenos luxos, como as viagens em família.

Dono de alguns dos cartões-postais mais conhecidos do mundo, como o Cristo Redentor e Foz do Iguaçu, e de festas populares como o Carnaval e o São João, o Brasil tem potencial para ser um dos países mais visitados do mundo.

Mas será que as nossas cidades estão prontas para receber um fluxo grande e contínuo de turistas? Trata-se de uma dúvida legítima, especialmente fora dos grandes centros, onde há um elevado grau de informalidade. Não é segredo que o visitante quer aproveitar ao máximo o tempo dedicado a conhecer seu destino. Por isso, quanto melhor a sua infraestrutura e a qualidade dos serviços oferecidos, menor a chance de o local ser percebido como cheio ou sobrecarregado, mesmo na alta temporada, o que prejudica a experiência do turista.

Um bom exemplo de sucesso que pode inspirar outros destinos é a cidade de Olímpia, no interior de São Paulo. Situada a pouco mais de 400 km da capital e com população estimada em 53 mil habitantes, em pouco tempo, sentiu a diferença da gestão profissionalizada do seu turismo. Dados do Observatório Regional de Turismo e Eventos mostram que o número de visitantes no mês de janeiro praticamente triplicou entre 2017 e 2023, passando de 236 mil a 660 mil.

Outro caso bem-sucedido é o de Gramado (RS), cidade do interior gaúcho que oferece uma grande variedade de hotéis, eventos e até parques aquáticos, atraindo visitantes durante o ano todo, não apenas no inverno. Em 2023, a cidade registrou 8 milhões de turistas, recorde absoluto para a região.

O que está por trás desse aumento? A profissionalização dos destinos de olho na gestão adequada de custos e modernização da experiência do visitante, com foco na eficiência operacional e maior geração de valor.

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Outro ponto fundamental é o investimento massivo em infraestrutura, como parques e atrações culturais, além de hotéis e resorts no formato multipropriedade. Bastante conhecida na Europa e nos EUA, a multipropriedade consiste na divisão do imóvel entre diversos "sócios", que têm direito de propriedade e uso por um determinado período do ano, em dias subsequentes ou alternados.

Mesmo sem incentivos significativos do governo, o modelo está transformando o mercado turístico nacional ao injetar capital e permitir o desenvolvimento dessas regiões em uma velocidade antes inimaginável. Assim, abre-se um novo horizonte de oportunidades para investidores com visão de valor na profissionalização e expansão do turismo brasileiro.

Com isso, também vêm se consolidando no país empresas e holdings totalmente direcionadas ao turismo, o que contribui efetivamente para a profissionalização do setor, a exemplo de outras grandes players internacionais, como a alemã Touristik ou as norte-americanas Bush Gardens e a The Walt Disney Co. —esta faturou US$ 89 bilhões no ano passado, com destaque ao departamento turístico em relação ao de entretenimento e mídia.

Opinião

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