Privatização à vista? Ações da Sabesp disparam depois de eleições
Logo no dia seguinte ao anúncio do resultado das urnas, com a definição da disputa do segundo turno pelo governo do estado de São Paulo entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT), as ações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp (SBSP3), dispararam.
Na semana passada, o papel estava custando R$ 43,70 (cotação do dia 27). Hoje, já está em 57,34%, uma alta de 14,66%.
O que está acontecendo? Vale a pena entrar nessa corrida para comprar SBSP3?
O que aconteceu com as ações? O que provocou essa alta, segundo Régis Chinchila e Luis Novaes, da equipe de análise da Terra Investimentos, foi que a chance de privatização da companhia aumentou, com a definição do segundo turno das eleições. Com 100% das urnas apuradas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Tarcísio de Freitas (Republicanos), o candidato alinhado ao governo Jair Bolsonaro, teve 42,32% dos votos e Fernando Haddad (PT), 35,70%. Haddad é ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"No início da campanha, o mercado estava precificando (comprando e vendendo) conforme o cenário a partir das pesquisas iniciais de intenção de voto", diz Chinchila. Na época, Haddad estava em primeiro.
Quando o cenário mudou, o mercado começou a refletir a vitória do outro lado da disputa. E, considerando que os planos dos candidatos para a companhia são bem diferentes entre si, o papel saiu de uma grande desvalorização para uma significativa valorização, disse Novais.
O que os planos de governo dos candidatos dizem sobre a Sabesp? O plano de governo do candidato de Tarcísio de Freitas registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem 43 páginas e nenhuma menção à Sabesp.
Há, porém, um parágrafo sobre privatizações:
"Concessões e Privatizações: Apoiar as ações do Governo Federal ou coordenar a concessão e privatização de ativos importantes, como os aeroportos de Congonhas, Campo de Marte e os Portos de Santos e São Sebastião, sempre garantindo a defesa dos interesses do estado de São Paulo e de seus cidadãos. Em relação às travessias litorâneas, trabalhar em concessões individuais considerando a especificidade de cada travessia."
No plano do candidato Haddad, que tem 35 páginas, a Sabesp é citada uma vez:
"Trabalharemos para universalizar o saneamento e fortalecer o papel do Estado no provimento dos serviços e ampliar os investimentos na Sabesp, reforçando seu caráter público, tendo o investimento privado no setor como forma de alavancar e complementar a cobertura em áreas desprovidas de serviços."
Privatização pode demorar: O fato é que uma privatização pode demorar muito tempo para sair e ainda depende do resultado da votação. No caso da Eletrobras (ELET3 e ELET6), ela estava prometida para acontecer desde o início do governo de Michel Temer, em 2016. Ela só se concretizou este ano, por meio de um leilão de ações, quando o governo federal precisou fazer caixa para bancar um pacote de auxílio monetário.
E vale a pena comprar Sabesp agora? O mercado aposta na compra.
O setor de saneamento básico tende a ser resistente e servir como uma espécie de porto seguro em momentos de sobe e desce de mercado, publicou o Itaú BBA sobre o papel. Para o BBA, até o final de 2023, Sabesp pode valorizar de mais de 30%.
Independentemente da possibilidade de a empresa ser privatizada, o BBA diz que a Sabesp é uma boa empresa para se investir.
O Goldman Sachs publicou um relatório sobre a empresa na época da divulgação dos resultados do segundo trimestre, recomendando a compra.
Entre abril, maior e junho deste ano, a Sabesp lucrou R$ 422,5 milhões, 45,4% a menos na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita operacional líquida chegou a R$ 5,2 bilhões no trimestre, valor 14,6% maior na comparação anual. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado subiu 4%, para R$ 1,51 bilhão.
O maior risco das ações, segundo o Goldman Sachs, é a inadimplência dos clientes da Sabesp, que aumentou 47% em relação ao ano passado.
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