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Personal trainer do dinheiro promete ajuda para investir e gastar melhor

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

01/07/2013 06h00

Falta de tempo, disciplina ou habilidade para lidar com o dinheiro. Quem sofre com um desses problemas, mas tem condições de bancar despesas adicionais sem desequilibrar o orçamento, pode lançar mão de uma série de serviços personalizados de ajuda financeira.

Os "personal trainers" do dinheiro prometem organizar as contas de casa, escolher o melhor investimento e até fazer compras no lugar do consumidor.

Alguns ensinam a investir (são os planejadores financeiros), mas outros também orientam como gastar melhor o dinheiro (são organizadores de despesas e compradores pessoais).

Para especialistas em finanças pessoais, contratar serviços assim nem sempre vale a pena, uma vez que o custo é alto. Para quem não tem conhecimento sobre o mercado financeiro nem tempo para lidar com as questões relacionadas ao dinheiro, porém, eles podem ser uma boa saída.

Os planejadores financeiros pessoais são profissionais especializados na análise de patrimônio e investimentos. Servem, por exemplo, para quem quer saber onde investir dinheiro para a aposentadoria.

"O planejador faz um levantamento de dados para entender a necessidade do cliente e, a partir daí, traça estratégias de investimento", afirma Rogério Bastos, diretor do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).

Esse profissional pode indicar não só o tipo de investimento mais apropriado (ações, fundos de renda fixa etc.), mas também o ativo mais indicado para cada caso (ações de uma empresa ou determinado fundo, por exemplo). Para ter o direito de indicar um ativo específico, porém, ele precisa ter uma licença da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Geralmente, a cobrança do serviço do planejador financeiro pessoal é feita com base no patrimônio do cliente. Segundo Bastos, o percentual pode ir de 0,5% a 3% do patrimônio, dependendo do serviço prestado.

Nos casos em que o profissional tem autorização para indicar um determinado ativo, o serviço pode ser até prestado gratuitamente. A remuneração do planejador financeiro, nessas situações, pode ser feita pelo banco que administra um determinado fundo. Seria uma espécie de comissão que ele recebe por indicar aquele produto ao seu cliente.

Ao contratar um profissional que faz esse tipo de indicação, é preciso ficar atento a eventuais conflitos de interesse (ele pode indicar um fundo que tem uma taxa de administração mais alta ou sugerir venda constante de ativos para ganhar mais na corretagem, por exemplo).

Antes de investir, é preciso saber gastar

Muita gente, porém, não consegue investir porque não sobra dinheiro no fim do mês nem percebe como isso acontece. Existem serviços de ajuda para pessoas nessa situação, que não estão necessariamente endividadas, mas não conseguem organizar suas próprias contas. "As pessoas costumam subestimar seus gastos entre 30% e 40%", diz Natan Finger, engenheiro e fundador da Private Pay.

A empresa faz gestão financeira de despesas pessoais. O objetivo é ajudar o consumidor a saber para onde está indo seu dinheiro e se ele está gastando mais do que ganha. Para isso, a empresa faz um levantamento das despesas, monta planilhas e envia relatórios frequentes ao cliente, além de organizar boletos e contas a pagar.

"Nós nos propomos a resolver o principal problema que as pessoas têm com relação às finanças: alimentar uma base de dados. Fornecemos dados detalhados de despesas da família e cuidamos da maior parte da burocracia da casa", diz Finger.

Os principais clientes da Private Pay são jovens recém-formados, executivos que viajam muito e não têm tempo para organizar as despesas e profissionais liberais que não têm aptidão para esse tipo de trabalho. O valor do serviço parte de R$ 300 mensais.

Personal shopper ajuda cliente a gastar melhor

Os serviços de ajuda financeira pessoal são relativamente novos no Brasil, mas outros tipos de ajudantes pessoais já oferecem seus trabalhos no mercado há mais tempo.

O personal shopper (comprador pessoal), por exemplo, promete facilitar a vida de quem não tem tempo, não gosta de ir às compras ou quer saber o melhor tipo de roupa para seu tipo físico.

Em alguns casos, podem até fazer as compras no seu lugar. Em São Paulo, os shoppings Iguatemi e JK Iguatemi oferecem o serviço gratuitamente para os clientes, com agendamento.

A rede inglesa Top Shop, há um ano no Brasil, também tem um serviço gratuito nas lojas da marca em São Paulo. É preciso fazer agendamento, e a assessoria pode ser usada por períodos que variam de 30 minutos a duas horas. Quem usa o serviço não é obrigado a comprar produtos na loja.

Um serviço parecido é oferecido por outra empresa inglesa presente no Brasil, a loja virtual Farfetch. A empresa vende roupas de grife de luxo pela internet e oferece, por meio de chat (bate-papo), orientações de moda.

"Homens entram no chat para saber se podem usar terno claro à noite, por exemplo, e mulheres têm dúvidas sobre que tipo de roupa usar num casamento", diz a personal stylist da Farfetch, Carolina Nogueira.

A orientação é dada pelo próprio chat, por e-mail ou pelo telefone e, em todos os casos, é gratuita e não exige cadastro prévio no site.

Personal assistant e personal trainer

A Help Personal Assistence é outra empresa que atua no ramo de ajuda pessoal. Seus profissionais arrumam armários, organizam bibliotecas, empacotam os produtos antes de uma mudança e ensinam empregadas domésticas a cozinhar determinados pratos ou servir os patrões.

O negócio da empresa é oferecer ajuda para todos os trabalhos que estão relacionados à casa.

"Muitas pessoas não têm tempo de organizar a casa, e muitas que têm tempo não sabem como fazer. Geralmente fazemos uma organização inicial, que depois o cliente vai mantendo", diz Heloísa Sundfeld, dona da Help. O serviço custa R$ 75 por hora, por profissional (geralmente vão pelo menos duas pessoas na casa do cliente).

Foi com os personal trainers, porém, que os ajudantes pessoais começaram a ficar comuns no Brasil. Esse profissional dá orientação personalizada de atividade física para o cliente, cria uma metodologia de treino específica para ele e acompanha a execução. Geralmente, o serviço é prestado de duas a três vezes por semana.

Para fazer esse trabalho, o profissional precisa ser bacharel em educação física e ter registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF).  O trabalho pode ser feito tanto em academias como na casa do cliente ou num parque, por exemplo.

"Temos dois tipos de clientes. Um é a pessoa que já tem experiência em atividade física e não percebe muito resultado. Ela precisa de alguém que lhe 'puxe a orelha', para que tenha mais comprometimento. O outro é a pessoa que tem mais de 40 anos e está mais preocupada com a saúde e com a qualidade de vida, além de ter mais dificuldade de administrar o tempo", exemplifica Givanildo Matias, diretor da rede de Franquias Test Trainer.

Em São Paulo, uma aula com um personal trainer custa, em média, R$ 80 por hora.