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Vendas no varejo no Brasil caem 0,6% em agosto, segunda perda seguida

Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

18/10/2016 09h56

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas no varejo do Brasil recuaram de forma generalizada em agosto, registrando a segunda queda seguida, em mais um sinal da dificuldade de recuperação da economia do país.

As vendas varejistas apresentaram queda de 0,6% em agosto na comparação com o mês anterior, após recuo da mesma magnitude em julho.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou ainda nesta terça-feira (18) que, na comparação com agosto de 2015, as vendas tiveram recuo de 5,5%, 17º mês de taxa negativa.

O setor vem apresentando um comportamento irregular neste ano, em um ambiente de taxa de juros alta e inflação em patamares elevados. Até agosto, foram cinco meses de queda das vendas e três de alta na base mensal.

As expectativas em pesquisa da Reuters eram de queda de 0,60 por cento na comparação mensal e de 5% sobre um ano antes.

Entre as oito atividades pesquisadas no varejo restrito, cinco tiveram queda de pelo menos 2% na base mensal --Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,8%); Móveis e eletrodomésticos (-2,1%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,1%); Combustíveis e lubrificantes (-2%).

Por outro lado, o setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso no conjunto do varejo, apresentou alta mensal de 0,8% em agosto, compensando a queda de 0,7% vista no mês anterior.

"Com a piora no meado de trabalho, junto com juros elevados, inibe-se o consumo e a demanda. Nessa conjuntura econômica você posterga a compra de itens que não são essenciais como eletrodomésiticos, cama mesa e banho e até combustível. Aí sobra mais recursos para gastar em bens mais básicos?, disse a economista do IBGE Isabella Nunes, referindo-se à alta de hipermercados.

"Ainda sim o que as famílias gastam agora é menos do que elas gastavam no ano passado."

Já o volume de vendas do varejo ampliado --que inclui veículos e material de construção-- recuou 2% em agosto sobre julho, pressionado pela perda de 4,8% de Veículos e motos, partes e peças.

A retomada da confiança é tida pelo governo como primordial para que o Brasil deixe a recessão para trás. A Fundação Getulio Vargas apontou que em setembro a confiança do consumidor chegou ao maior nível desde o início do ano passado, mas a confiança do comércio interrompeu série de quatro altas no mesmo período diante da forte piora na avaliação da situação atual.

Números do varejo para setembro mostram pouca mudança no quadro. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela empresa de meios de pagamento Cielo, o faturamento do comércio varejista brasileiro caiu 4,9% em setembro sobre o mesmo período de 2015, sem incluir efeito da inflação.