Uma semente de guaraná é usada para sete latas da bebida; veja a produção
Apenas uma semente do fruto verdadeiro de guaraná rende o suficiente para sete latinhas de 350 ml do refrigerante da Antarctica, feito pela Ambev. A empresa alega que a legislação permite essa pequena quantidade e que a bebida ficaria muito forte se fossem adicionadas mais sementes.
São usados 20 mg de sementes de guaraná para cada 100 ml de refrigerante. "A empresa segue a legislação. Se tivesse mais do que essa quantidade [de sementes], o guaraná ia ser amargo demais e ninguém ia aguentar beber", afirma Carlos Eduardo Henriques da Silva, gerente corporativo de desenvolvimento de refrigerantes da Ambev.
A produção do fruto para o refrigerante demanda de 350 a 400 toneladas de sementes por ano para a Ambev, que compra quase todo o guaraná de que necessita na região de Maués (AM), a 356 km Manaus. A empresa produz anualmente 1,6 bilhão de litros do refrigerante.
O cultivo do guaraná envolve cerca de 2.000 pequenos produtores na região. Um deles é Natanael dos Santos Menezes, 34. Ele começou a cultivar a planta em 2004, a partir de um financiamento de R$ 16 mil, e hoje produz em sete hectares.
No ano passado, colheu 1.100 kg de sementes, que vendeu por R$ 22 o quilo.
Início do processamento do guaraná é feito pelos próprios agricultores
Recomenda-se que o guaraná seja plantado numa proporção de cerca de 500 árvores por hectare. Em condições ideais, cada planta pode produzir anualmente um quilo de semente dos frutos, afirma a engenheira agrônoma da Ambev Mirian Frota.
As árvores começam a dar frutos a partir do seu segundo ano de plantio, e devem ser substituídas após cerca de 20 anos.
Os frutos vermelhos aparecem em cachos, e apresentam uma polpa branca e farelenta no meio da qual fica a semente escura do guaraná. Quando maduros, eles se abrem parcialmente e lembram um olho.
Francisco Alves Pereira, 60, que produz o guaraná em nove hectares numa área vizinha à de Menezes, recomenda que se retire o mato ao redor das raízes das árvores, e afirma que é necessário podar os galhos depois de cada safra. "O mesmo galho nunca dá [frutos] duas vezes", afirma.
Os próprios agricultores começam a preparar o guaraná para a produção do refrigerante. Primeiro, os frutos da planta são retirados a mão, ou raspando os cachos em grades de ferro.
Para soltar as cascas das sementes, os produtores amassam os frutos com os pés; também é possível utilizar máquinas específicas que moem os frutos.
O material é então colocado em tonéis com água; as sementes se concentram no fundo, enquanto a polpa e a casca flutuam, sendo descartadas.
Torradas, as sementes são vendidas para a Ambev, que as encaminha para depósitos próximos à cidade de Maués, onde podem ser guardadas por até dois anos.
O xarope produzido com as sementes em Manaus, uma das principais bases do refrigerante, é enviado para 22 fábricas espalhadas pelo país.
A Ambev produz 5% de suas necessidades de sementes em 1.070 hectares em Maués – como se trata de região de Floresta Amazônica, 80% da área é preservada e não pode ser utilizada para agricultura.
Até 2021, a empresa planeja passar a produzir diretamente 20% das sementes de que necessita, mas garante que continuará comprando 100% do guaraná produzido em Maués.
"Não queremos produzir tudo nós mesmos, e sim incentivar a produção local", afirma Mirian Frota.
(* O jornalista André Cabette Fábio viajou a Maués a convite da Ambev)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.