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Reinaldo Polito

Não adianta falar com desembaraço se não tiver o que dizer; qual a solução?

24/07/2018 04h00

Os números são verdadeiramente alarmantes! Os dados mais recentes tornam ainda mais graves as informações que mencionei no vídeo acima. Só para dar uma ideia: pelos levantamentos do IBGE, de 1999 até 2014, as cidades brasileiras que possuem livrarias diminuíram em mais de oito pontos percentuais, passando de 35,5% para 27,4%.

Somando-se à queda no número de leitores, os custos fixos das livrarias, como, por exemplo, aluguel e energia elétrica aumentaram proporcionalmente a níveis nunca vistos. Por isso, desativam lojas e procuram incrementar cada vez mais o comércio eletrônico. Tentam sobreviver apesar dos resultados negativos.

Os indicadores são preocupantes: em números redondos, no Brasil há uma livraria para cada 65 mil habitantes, enquanto que nos Estados Unidos há uma para cada 14.500 pessoas. Estamos falando de uma diferença superior a quatro vezes. Como as editoras podem se motivar a editar livros para esse mercado em decadência?

Para aumentar ainda mais o nosso desalento, outro dado impressionante: dos 5.570 municípios brasileiros, somente 1.527 possuem livrarias. Além disso, 55% das 3.095 lojas (podemos reduzir bastante esse número, pois os dados são de 2014, e a quantidade de livrarias que fechou de lá para cá é enorme) estão na região Sudeste, e o restante do país fica com apenas 45% do total.

Como esperar que, em um país de pessoas que não leem, possamos encontrar oradores competentes? Se alguém não se informou, como poderá ter mensagem de qualidade para transmitir? Observo em meu curso alunos que começam a falar em público com mais desenvoltura, mas, às vezes, com discurso vazio. Descobrem, então, que de nada adianta falar com desembaraço se não têm o que dizer.

Por isso, passam a ler mais livros, revistas e textos relevantes na internet. Procuram ampliar o conhecimento em suas áreas específicas de atuação e também em todas as matérias do seu campo de interesse. Percebem que a comunicação só será mesmo eficiente se tiverem conteúdo.

Tomara que essa situação das livrarias brasileiras seja passageira, embora eu duvide, pois, mesmo os números do mercado norte-americano e de outros países sendo mais positivos, lá também muitas livrarias estão fechando as portas. Independentemente de podermos contar com muitas ou poucas livrarias, a leitura deverá ter sempre papel relevante em nossa formação e desenvolvimento.

Superdicas da semana:

  • Para falar bem em público, é preciso cultivar o hábito da leitura
  • Quanto mais um orador ler, mais desenvoltura terá para falar de improviso
  • No momento de elaborar um discurso, as fontes de consulta surgirão mais facilmente se tiverem existido leituras prévias
  • Quem se habituou a ler terá mais facilmente à disposição os argumentos de que precisa para reforçar sua tese e refutar posições contrárias

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante; "As Melhores Decisões não Seguem a Maioria", “Oratória para advogados”, "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas", “Superdicas para escrever uma redação nota 1.000 no ENEM” e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva; e “Oratória para líderes religiosos”, publicado pela Editora Planeta.

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