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OIT: 3,8 bi de pessoas não têm 'proteção social' contra mudanças climáticas

Na semana passada, enquanto o Brasil queimava e enfrentava a pior seca dos últimos 70 anos, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) lançou um relatório alertando para o impacto das mudanças climáticas sobre as 3,8 bilhões de pessoas em todo o mundo sem qualquer tipo de "proteção social".

Nesse conceito, estão incluídos direitos trabalhistas, políticas previdenciárias, sistemas públicos de saúde e programas de transferência de renda, como o nosso Bolsa Família.

De acordo com o relatório, o copo meio cheio mostra que pela primeira vez na história mais da metade da população mundial conta com algum tipo de benefício oferecido pelo Estado.

Já o copo meio vazio revela que, mesmo com o cobertor alargado ao longo da última década, sobretudo durante a pandemia de covid-19, ainda resta muita gente sem qualquer tipo de proteção. A situação é especialmente preocupante nos países mais vulneráveis às emergências climáticas.

Ampliar essa rede de cobertura, diz a OIT, é essencial para fazer frente aos impactos do aquecimento global nos próximos anos. "A proteção social pode ajudar a garantir que ninguém seja deixado para trás. Pode contribuir para corrigir desigualdades de longa data, agravadas pela crise climática", afirma um trecho do documento.

Mulheres estão menos protegidas no mercado de trabalho

No mercado de trabalho, a cada 100 pessoas em idade produtiva — ou seja, sem levar em conta crianças, adolescentes e idosos — apenas 34 estão amparadas por sistemas abrangentes de proteção, como o brasileiro INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O documento também apresenta dados específicos. Por exemplo: apenas 37,4% da população em idade para trabalhar têm direito a auxílio por doenças ocupacionais. Isso quer dizer que 2,3 bilhões delas não contam com qualquer tipo de renda quando sofrem um acidente ou desenvolvem um problema de saúde relacionado à sua atividade profissional.

O acesso ao seguro-desemprego é ainda mais escasso: 16,7%. Há pelo menos 157 milhões de desempregados sem cobertura. Migrantes, autônomos, trabalhadores rurais e de plataformas digitais, como Uber e iFood, são os mais afetados, afirma a publicação da OIT.

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O documento também faz um recorte de gênero e evidencia como as mulheres são mais prejudicadas. De forma geral, apenas 28,2% delas dispõem de alguma proteção social. Entre os homens, esse índice chega a 39,3%.

No caso específico de auxílios para a maternidade, a cada 100 mães com bebês recém-nascidos, menos de 37 têm licença remunerada. "A exposição aos perigos das alterações climáticas tem consequências na morbilidade e mortalidade materna e neonatal", diz um trecho do relatório.

A OIT defende que países com "capacidades fiscais limitadas" recebam apoio financeiro internacional. "Mitigar a crise climática e alcançar uma transição [energética] justa exige que se dê atenção suficiente à construção de sistemas de proteção social universais baseados em direitos", finaliza a publicação.


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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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