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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Empresas cada vez cobram mais e entregam menos, como celular sem carregador

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

25/03/2021 04h00

Esta semana tive uma ingrata surpresa que me custou R$ 6.500. Meu marido derrubou o celular dele no chão, quebrando completamente a tela do aparelho, o que o tornou inutilizável. Fizemos vários orçamentos para o conserto e descobrimos que para resolver todos os problemas deveríamos gastar, pelo menos, R$ 3.000.

Pesquisei o preço de um aparelho novo (R$ 3.500) e percebi que o conserto se tornava inviável. Meu trabalho exige que eu passe grande parte do dia no meu celular, por isso um modelo mais avançado é fundamental. Por esse motivo, resolvemos comprar o modelo mais avançado lançado pela Samsung: o S21 Ultra, que graças a alguns descontos com a operadora paguei pouco mais de R$ 6.500.

Grande surpresa

Tive uma enorme surpresa quando abri a caixa do aparelho e percebi que, assim como a Apple fez há alguns meses, a Samsung também decidiu retirar o carregador que vinha junto com o celular. Aliás, não só do carregador, mas também senti falta do fone de ouvido.

Comprei um celular de R$ 650 no mês passado da mesma fabricante, Samsung, e estavam todos eles lá: aparelho, carregador e fone de ouvido. Ou seja, um celular que custa 10 vezes menos inclui todos os acessórios.

A desculpa

A desculpa das fabricantes para esses cortes é difícil de acreditar. Segundo eles, não incluindo os acessórios com o celular eles estariam ajudando o meio ambiente, já que a maioria dos usuários já possui carregadores e fones em casa. Não acredito nessa história, já que o cabo incluso nesses aparelhos exige um carregador com entrada tipo USB-C, bastante incomum atualmente.

Ou seja, a maioria das pessoas vai ter de comprar um carregador novo, pois o cabo incluso não serve para os antigos modelos. Se este for o seu caso, você vai precisar comprar este acessório, o que significa mais plástico no meio ambiente, desviando totalmente do propósito inicial.

Algumas críticas

Comentei essa questão no meu Instagram durante o final de semana e fui criticada por algumas pessoas, que alegaram que essa informação estava escrita na caixa do aparelho e por esse motivo eu não deveria reclamar.

O fato é que é quase certo que logo essa tendência de pagar mais para receber menos chegue a todos os aparelhos, dos mais caros aos mais baratos. Acontece diariamente em produtos com os quais temos contato diariamente.

Chocolates pequenos

Você com certeza lembra que as barras de chocolate anos atrás eram bem mais gordinhas, as caixas de sabão em pó eram maiores e os pacotes de salgadinho tinham menos ar e mais conteúdo. Enquanto esses produtos diminuíram, os preços aumentaram.

Essa prática tem se tornado tão comum que até ganhou nome próprio: reduflação. Ao invés de subir muito o preço dos produtos, os fabricantes decidem entregar menos e cobrar mais.

O que fazer?

Nós, consumidores, ficamos com os braços atados diante dessa situação. Assim que um fabricante adota essa prática em um segmento novo do mercado e percebe que deu certo, é só questão de tempo para que a concorrência faça o mesmo.

Foi isso que aconteceu com a Samsung. A empresa percebeu que a Apple conseguiu se safar com a prática de entregar menos e copiou logo em seguida. É bastante provável que a prática se estenda à maioria dos produtos do mercado, mesmo aqueles de marcas e segmentos inferiores.

Nos resta ir atrás dos nossos direitos e fugir de empresas que praticam a reduflação, o que nem sempre é possível. Por isso, fique sempre de olho nas informações referentes ao peso do produto e ao conteúdo do pacote. Quando existe redução, normalmente as empresas deixam isso claro na embalagem.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL