Como se beneficiar do baixo rendimento da poupança
Arrisco dizer que a nossa conhecida caderneta de poupança acaba sendo o primeiro produto com o qual temos contato no mercado financeiro. É um investimento básico para o dinheiro do dia a dia, mas que em tempos de juros baixos anda rendendo cada vez menos.
Na coluna de hoje, eu, Yolanda Fordelone, economista do Econoweek, explico como anda este rendimento e também como tirar proveito dele, afinal, agora é possível pegar crédito imobiliário atrelado à variação do índice da poupança.
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Poupança: como está o rendimento?
É difícil encontrar um brasileiro que nunca tenha reclamado dos juros baixos da poupança. E com razão.
Atualmente, a taxa básica de juros (Selic), que serve de referência para o rendimento da poupança, está em 2% ao ano. Assim, a poupança tem rendido 0,11% ou 0,12% ao mês, o que dá 1,40% ao ano, segundo dados do Banco Central.
A poupança rende 70% da taxa Selic, se esta estiver em até 8,5% ao ano (nosso caso atual). Caso a Selic fique acima de 8,5%, a poupança passa a render 0,5% ao mês mais Taxa Referencial, algo em torno de 6,17% ao ano.
Como se beneficiar nos investimentos?
Apesar do rendimento baixo da poupança, a opção acaba sendo mais interessante do que a maioria dos fundos de renda fixa.
Segundo pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), considerando os retornos atuais, a poupança ganha dos fundos que cobram entre 0,5% e 3% ao ano de taxa de administração em qualquer horizonte de tempo.
Na média, os fundos de renda fixa com 0,5% de taxa de administração conseguiriam no máximo empatar com a caderneta se o investidor ficasse mais de dois anos no investimento.
Há três opções neste caso:
1. Se a pessoa já formou a reserva de segurança em algo líquido e com pouca oscilação, pode buscar opções de renda fixa que tenham resgates mais longos, como os CDBs;
2. A segunda opção é buscar fundos que tenham este bom histórico de rentabilidade e consigam superar a média da poupança;
3. Por fim, pode-se tomar mais risco em parte da carteira aplicando em fundos multimercados ou mesmo ações, mas desde que a pessoa se sinta confortável com estas alternativas.
Como se beneficiar no crédito?
A novidade é que agora o juro baixo da poupança pode ajudar o consumidor no lado do crédito, mais especificamente para comprar um imóvel. E isso em um momento em que o mercado imobiliário anda com mais opções.
Há anos, para financiar um imóvel, a pessoa tinha uma opção: pegar um juro prefixado. Desde o ano passado, é possível pegar um financiamento atrelado à inflação.
Em 2020, chegou ao mercado uma terceira opção: o financiamento imobiliário atrelado ao índice da poupança.
Segundo o Banco Central, o juro médio cobrado pelo mercado no crédito imobiliário está em 7,2% ao ano. Quando o financiamento está atrelado à poupança, ele fica bem mais leve: 5,39% ao ano.
Mas e se os juros subirem? Se a Selic subir, o juro do crédito imobiliário pós-fixado, como um todo, também pode aumentar, mas no caso do financiamento atrelado à variação do índice da poupança há um teto.
No crédito imobiliário atrelado à variação do índice da poupança, os juros são formados por uma parte prefixada de 3,99% ao ano mais os juros da poupança, o que resulta atualmente num custo de 5,39% ao ano. Caso a taxa Selic volte a subir e, consequentemente, a poupança também, os juros desta opção de crédito vão subir até o limite de 10,16% ao ano, já considerando tudo: a parte fixa (3,99%) mais a variação do índice da poupança.
Para quem é indicado?
Como os juros não são prefixados, o consumidor pode pagar juros maiores ou menores no futuro. Por isso mesmo, o crédito imobiliário atrelado à variação do índice da poupança é uma opção para quem tenha se planejado para eventualmente, no pior cenário, pagar um pouco mais lá na frente.
É um crédito imobiliário um pouco mais arriscado que o tradicional prefixado, mas menos arriscado do que é atrelado à inflação. A inflação muda a cada 30 dias, a poupança, a cada 45 dias (quando há alteração da Selic). Vale lembrar que o comportamento da Selic acaba sendo mais previsível do que o de preços.
Esse crédito também serve para quem quer financiar o imóvel em um prazo um pouco menor, já que nessa situação de juros baixos que vivemos, essa alternativa pode sair mais em conta.
O que não muda em relação ao financiamento tradicional?
Há pelos menos quatro características que não mudam. A primeira é que a pessoa pode amortizar a dívida a qualquer tempo, caso prefira. Ou seja, se puder pagar mais parcelas em alguma época que receba bônus, receba um dinheiro extra ou venda mais por exemplo, é possível adiantar esse pagamento.
O segundo item que não muda é que os recursos do FGTS podem ser usados se a regra geral de mercado permitir. Vale usar o FGTS para financiar o primeiro imóvel, por exemplo, mas não um segundo.
Outro ponto é o prazo que continua sendo longo, de até 30 anos para imóveis residenciais.
E por fim, não muda o fato de que você pode financiar a maior parte do imóvel, até 90%. Mas vale lembrar que quanto maior a entrada que você puder dar, menos juros irá pagar.
Onde encontrar?
- A instituição que atualmente oferta o financiamento imobiliário atrelado à poupança é o Itaú;
- O crédito imobiliário atrelado à inflação é encontrado na Caixa;
- Créditos imobiliários prefixados, os mais comuns do mercado, são encontrados na maioria dos grandes bancos;
- Para pesquisar sobre fundos, recomendo o site Comparador de Fundos, no qual é possível ver o histórico de rentabilidade de diversas opções;
- Para títulos de renda fixa coo CBDs, há o aplicativo Renda Fixa, no qual você coloca quanto quer investir e ele fornece as alternativas do mercado.
Você acredita que a poupança pode ajudar as finanças quando associada ao crédito imobiliário? Deixe um comentário ou fale com a gente no nosso canal do YouTube, Instagram e LinkedIn. Também é possível ouvir nossos podcasts no Spotify. A gente sempre compartilha muito conhecimento sobre economia, finanças e investimentos. Afinal, o conhecimento é sempre uma saída!
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