Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
PIB cai menos, mas "estado de recessão" na economia permanece em 2021
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Os impactos da pandemia da covid-19, em combinação com o auxílio emergencial de valor elevado e amplo alcance, estão na base do comportamento da economia brasileira, em 2020. A queda de 4,1% foi a metade da projetada no fim do primeiro semestre, quando a atividade econômica desabara mais de 10%.
Depois de conhecidos os dados do ano passado, divulgados nesta quarta-feira (3) pelo IBGE, pode-se projetar a permanência, em 2021, de um "estado de recessão" que, a rigor, já se mantém por mais de uma década. Ao fim de 2020, a economia ainda se encontrava mais de 4% abaixo do valor registrado antes da retração de 2014-2016. Tudo indica que, no término de 2021, de acordo com as previsões mais atualizadas, não terá superado aquele pico, somando nove anos de economia em baixa.
Há consenso de que o auxílio emergencial, inicialmente de R$ 600 mensais e depois de R$ 300, que alcançou 65 milhões de pessoas, em combinação com programas de sustentação de emprego e empresas, foi o principal responsável pelo resultado relativamente melhor do que o esperado em meados de 2020. O recuo do PIB acabou sendo menor do que o observado na maior parte dos países, considerando economias maduras e emergentes, muitos das quais apresentaram contrações entre 8% e 10%.
À luz do ritmo de evolução da atividade no fim do ano passado, economistas calculam que o carregamento estatístico do PIB de 2020 para 2021 ficará em torno de 3,5%. Isso significa que, se a economia andasse de lado, estagnada, a cada trimestre deste novo ano, o PIB, no conjunto do ano, avançaria 3,5%. Mas as previsões, em média, estão indicando, neste momento, expansão de 3,2%, abaixo do impulso herdado de 2020, e muitos analistas já trabalham com evolução mais próxima de 2,5%.
Isso quer dizer que se espera retração da atividade, com quase certeza no primeiro trimestre e com crescente suspeita de que ocorra também no trimestre seguinte. Na base dessas previsões está o descontrole da pandemia no começo de 2021, e os atrasos na obtenção de vacinas.
Com a aceleração do contágio, os sistemas de saúde estão entrando em colapso em todo o país, com a consequente paralisação de atividades, por decretação de lockdowns pelos governos estaduais e municipais ou por decisão voluntária de pessoas. Atrasos na vacinação, num processo crucial para liberar a economia, desastrosamente conduzido pelo governo, acentuam as perspectivas de retração econômica. Confirmada a variação do PIB abaixo de 3%, o "estado de recessão", instalado na saída da grande contração do período 2014-2016, ainda não terá sido superado, na entrada de 2022.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.