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Mercados ensaiam pânico com perspectiva de aumento de sanções contra Rússia
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A perspectiva de que as sanções econômicas contra a Rússia passem a incluir o setor de energia, alcançando os fornecimentos russos de petróleo e gás, deflagraram uma corrida nos mercados, nesta segunda-feira (7). O movimento foi típico dos períodos de maior instabilidade, geopolítica ou financeira, observados nas últimas décadas.
Sinais de pânico, ainda pequenos, mas já não desprezíveis, estão sendo emitidos pelos mercados internacionais de commodities e de ativos, com o prolongamento do conflito na Ucrânia. Confirmando a altíssima instabilidade do ambiente econômico global, as cotações de petróleo e grãos deram saltos em todos os mercados. Ocorreu em outros mercados, como os de grãos e metais.
A cotação do petróleo chegou a se aproximar de recordistas US$ 140 por barril, mas recuava, no meio da sessão da tarde, para US$ 125 por barril, ainda assim uma alta de mais de 5% num único dia. No caso do gás, do qual a Rússia responde por 40% do consumo da Europa Ocidental, os preços explodiram. Chegaram a bater em 345 euros por MWh (megawatt/hora), recuando depois para 215 euros por MWh. No início do ano, as cotações de gás andavam nas vizinhanças de 70 euros por MWh.
Altas fortes ocorriam também em outros mercados, como no caso do trigo, do qual a Rússia é grande exportador mundial, com cotações subindo mais de 7%. Cotações de metais, como o alumínio e o paládio, experimentam picos históricos, nesse início de março.
Enquanto as bolsas asiáticas fechavam os pregões desta segunda-feira com quedas acentuadas, acima de 3%, as bolsas europeias também operavam em queda, mas menos fortes, em torno de 1,5%. Nos Estados Unidos, os mercados acionários sofriam pressões de venda, com os índices recuando mais de 2%, o mesmo se registrando com o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira.
Em comunicado divulgado no sábado (5), o FMI (Fundo Monetário Internacional) considerou que "a guerra em curso e as sanções associadas também terão um impacto severo na economia global". Segundo o FMI, "se o conflito aumentar, os danos econômicos serão ainda mais devastadores."
Com o prolongamento da guerra na Ucrânia, perdas vão se acumulando não só nas frentes militar e humanitária, mas também na econômica. Cresce a cada dia o número de empresas multinacionais que retiram seus investimentos da Rússia ou deixam de negociar com russos, aumentando na prática o alcance das sanções e o garroteamento da economia russa.
É questão de tempo - e de tempo curto -, caso não se encontre uma solução negociada para o conflito, a disseminação da quebra de empresas russas e de estrangeiras dependentes de fornecimentos russos. Na sequência, empresas de países ao redor do mundo poderão ser afetadas, enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos comerciais ou financeiros.
O circuito de quebras ou de retrações é conhecido e repetiria os acontecimentos de meados dos anos 90 do século passado, com a crise da dívida externa que vitimou as economias emergentes do México, da Ásia e a Rússia, atingindo também a economia brasileira. Sem falar na crise mais recente, afetou negativamente a economia global depois de 2008, a partir da implosão do banco de investimentos Lehman Brothers.
Com os desdobramentos do conflito na Ucrânia, e possível prever que, ao redor do mundo, num primeiro momento, ocorrerão pressões inflacionárias. Essas pressões refletiriam altas nos custos de produção, ainda com a demanda em alta, em razão da mitigação da pandemia de covid-19 e, mais ainda agora, pelo estímulo à formação de estoques. Já o enfrentamento dessas pressões inflacionárias, principalmente com elevações de taxas de juros pelos bancos centrais, num segundo momento, opera para frear a atividade econômica, fazendo refluir o impulso de crescimento que se verifica agora, depois do mergulho nos picos da pandemia.
Tudo considerado, no campo econômico, a crise atual tem semelhanças com as dificuldades produzidas pela pandemia de covid-19. Num ponto mais limitado, a invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções econômicas impostas por Estados Unidos e aliados ocidentais, tendem a promover, assim como observado com os impactos da pandemia, colapsos de oferta e, numa segunda etapa, barreiras ao crescimento.
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