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José Paulo Kupfer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Inflação volta a subir, mas direção é de queda, fechando o ano abaixo de 6%

10/11/2022 11h32

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A inflação, medida pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), voltou ao terreno positivo em outubro, depois de três meses consecutivos de deflação. Mas a trajetória, em termos anuais, continua sendo de queda.

No Boletim Focus mais recente, as projeções da inflação para o ano se elevaram ligeiramente para 5,63%. É provável que as previsões se elevem na direção de 6%, com as novas estimativas já incorporando o resultado de outubro.

Como a meta de inflação para 2022 é de 3,5%, com intervalo de tolerância entre 2% e 5%, o teto deverá ser rompido pelo segundo ano consecutivo. Ao longo da história do sistema de metas, instituído em 1999, será a quinta vez — duas das quais no governo Bolsonaro — que o Banco Central será obrigado a publicar uma carta com explicações sobre a falha no controle da inflação.

Com elevação de 0,59% em outubro, a inflação ficou acima das expectativas dos analistas. Mas bem longe da alta de 1,25% registrada em outubro de 2021. Por isso, a variação acumulada em 12 meses, recuou de 7,71%, em setembro, para 6,47%. No ano, até outubro, a inflação está em 4,7%.

Altas de preços muito mais fortes no último trimestre do ano passado, em comparação com os resultados previstos para os últimos meses de 2022, explicam a projetada trajetória de queda na inflação. Para novembro, por exemplo, as estimativas estão em torno de uma alta de preços, no IPCA, inferior a 0,5%. Em novembro do ano passado, a inflação chegou a 0,95%.

A média dos núcleos de inflação — medidas de variação de preços que expurgam altas ou baixas que ocorrem por razões sazonais e eventos extraordinários, que não se repetem — ficou acima das projeções, com elevação de 0,55%, em outubro. No acumulado em 12 meses, a média dos núcleos, com alta de 9,69% ainda revela pressões futuras, mas a média móvel trimestral, que reflete melhor a trajetória dos preços, está em queda, tendo recuado de 7,5% em setembro para 6,8%, em outubro.

Alimentos, transportes e saúde e cuidados pessoais foram as categorias que mais contribuíram para a inflação de outubro. Os três responderam por 73% da alta de preços verificada no mês. Os preços dos combustíveis ainda recuaram 1,27% em outubro, mas muito menos do que no mês anterior, quando registraram fortíssima queda de 8,5%.