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Inflação pode descer a 3,5% em junho, mas fechará ano acima do teto da meta
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A inflação entrou, em março, no período de maior recuo previsto para 2023. Daqui até junho, tanto pela redução do índice mensal quanto pela queda no acumulado em 12 meses, as previsões apontam que a alta de preços registrará forte trajetória descendente.
De acordo com previsões, em junho a inflação poderá descer a próximo de 3,5%, no acumulado em 12 meses. A partir de julho, porém, voltaria a subir, mas moderadamente, fechando 2023 com alta em torno de 5,8%, acima do teto da meta por mais um ano. No Boletim Focus, a mediana das projeções atualizadas indica variação mais próxima de 6%, em 2023.
O centro da meta para 2023, que deve ser perseguido pelo Banco Central, com sua política de juros, é de uma inflação de 3,25%, com intervalo de tolerância entre 1,75% e 4,75%.
Vaivém no acumulado em 12 meses
Essas projeções de queda na inflação para os próximos meses são reforçadas pelos resultados também baixistas do IGP (Índice Geral de Preços), que tem como componente de maior peso o IPA (Índice de Preços no Atacado). Os preços no atacado costumam ser repassados mais à frente para os preços ao consumidor, e, no momento, encontram-se numa fase de deflação.
Previsões apontam alta de apenas 1% dos preços no atacado em 2023, com o IGP avançando somente 2,5% no ano.
Com variação de 0,71% em março, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado nesta terça-feira, mostra elevação de 2,09% no primeiro trimestre do ano, e de 4,65%, no acumulado em 12 meses. Com isso, a inflação entrou, temporariamente, no intervalo de tolerância do sistema de metas, cujo teto, para 2023, é de alta de 4,75%.
Esse vaivém mais intenso do índice em 12 meses se explica pela diferença entre os índices mensais de inflação deste ano e do ano passado. Em março de 2022, por exemplo, o IPCA avançou 1,62%. A substituição por um índice menor faz recuar o valor acumulado em 12 meses.
Já de julho a setembro de 2022, o IPCA apresentou deflação, o que não ocorrerá em 2023, embora a variação mensal não deva, de acordo com as previsões, ultrapassar 0,5% em nenhum mês do restante do ano. Assim, de julho a dezembro, mesmo com índices mensais relativamente comportados, a variação em 12 meses do IPCA deverá registrar trajetória de alta, em relação ao primeiro semestre.
A variação de preços, em março, medida pelo IPCA foi causada principalmente por altas em preços administrados, caso da gasolina e da energia elétrica. Com elevação de 8,33%, só a gasolina, cujos preços ainda refletem a volta da cobrança de tributos, respondeu por mais da metade da inflação do mês passado.
Alimentação com preços em queda
As três maiores altas de preços em março ocorreram nos seguintes grupos, que responderam por cerca de 90% do inflação do mês:
Transportes - 2,11%
Saúde e cuidados pessoais - 0,82%
Habitação - 0,57%
A alimentação, sobretudo no domicílio, de outro lado, tem apresentado tendência baixista. Já em março a variação de preços do grupo ficou próxima da estabilidade, com alta de 0,05%. Em 12 meses, a alta foi de 7%, um recuo expressivo quando se lembra que, em julho de 22, a alimentação no domicílio registrou elevação de 17,5%.
Esse recuo no grupo alimentação aparece com mais evidência no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de março, que subiu 0,64% em março e acumulou variação de 4,36% em 12 meses. Diferentemente do IPCA, que mede a variação da cesta de consumo de pessoas com renda entre 1 e 40 salários mínimos, o INPC restringe o foco a consumidores com renda entre 1 e 5 salários mínimos, em cujo orçamento o peso da alimentação é proporcionalmente mais alto.
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