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Mariana Londres

REPORTAGEM

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BC não deve baixar juro na semana que vem, mas pode sinalizar corte em maio

Copom tem a próxima reunião na semana que vem  - Marcello Casal JrAgência Brasil
Copom tem a próxima reunião na semana que vem Imagem: Marcello Casal JrAgência Brasil

Do UOL, em Brasília

15/03/2023 04h00

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A despeito da defesa enfática do presidente Lula (seguida por ministros e empresários) de que é preciso cortar os juros no Brasil (campeão mundial dos mais altos juros reais), a tendência é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não reduza a taxa básica de juros no próximo encontro, na semana que vem.

O mais provável é que na reunião de 21 e 22 de março o Copom mantenha a taxa de juros em 13,75% ao ano. A grande expectativa do governo é que o comitê sinalize, tanto no comunicado quanto na ata (documentos que explicam as decisões), que é possível antecipar a queda de juros para meados de 2023. E esse será o ponto mais importante a ser observado.

A quebra dos bancos americanos (Sillicon Valley Bank e Signature Bank) gerou oscilações no mercado no início desta semana e levou alguns operadores a acreditarem que no Brasil a queda de juros poderia ser antecipada para a reunião de março, mas o entendimento atual é que a queda não virá antes da metade do ano.

Desde que começaram os ataques de Lula aos juros e ao Banco Central, justamente após o comunicado da última reunião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, traçou a estratégia de acelerar entregas e fazer sinalizações para que o Banco Central tenha mais elementos para antecipar a redução. A principal delas é o desenho da nova regra para o controle dos gastos do governo e da divida pública, que Haddad corre para tornar pública. O desenho da chamada nova âncora fiscal ainda precisa ser aprovado por Lula, e a reunião sobre o assunto acontecerá até o final desta semana.

Se isso ocorrer, e se tanto o desenho quanto os parâmetros forem considerados eficazes para o controle da dívida pública, aumentam as chances de o Copom sinalizar tanto na ata quanto no comunicado a antecipação dos cortes na taxa de juros para maio ou junho.

Para analistas de mercado, se o governo conseguir apresentar uma âncora ou regra fiscal que sinalize controle do crescimento do gasto público e controle da dívida, haverá um espaço maior para a redução da taxa de juros.

Hoje os agentes acreditam que a Selic terminará o ano de 2023 em 12,75%. A projeção está no último boletim Focus. O número sinaliza que as projeções levam em conta que a queda ocorra mais para o final do ano, pois o comitê costuma promover tanto reduções quanto elevações em ciclos.

Alguns bancos e gestores já anteciparam o início do ciclo de cortes de juros. Instituições que previam a queda somente no final do ano, antecipam as primeiras reduções para junho, mas nada em ritmo acelerado. Pelas projeções expressas no Focus, o Brasil só terá juros de um dígito (9%) em 2025.

Há ainda o fator crédito, que deve impactar na decisão do Banco Central para antecipar o ciclo de queda dos juros. Com a restrição de crédito no Brasil (famílias endividadas e menos recursos após a quebra das Americanas), o balanço de riscos da inflação é alterado e o Copom tem mais elementos para indicar na sua próxima reunião que o início do corte de juros pode ser antecipado.

As mudanças de juros promovidas pelo Banco Central são feitas para atingir os objetivos da autoridade monetária: (1) manter a inflação sob controle, ao redor da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, é o objetivo fundamental do Banco Central (BC). Mas o banco também deve "(2) zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, (3) suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e (4) fomentar o pleno emprego".