Mariana Londres

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Reportagem

Alta de juros é certa, dúvida é qual será o tom do comunicado do Copom

O mercado espera com grande expectativa o comunicado da primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) sob o comando de Gabriel Galípolo. Com a deterioração das previsões de inflação nas últimas semanas, gestores com quem eu conversei defendem que o tom tem de ser duro, firme (ou hawkish) para não dar margem para que a conduta do BC sob nova gestão seja vista como leniente no combate à inflação.

A elevação dos juros em um ponto percentual nesta quarta-feira é dada como certa pois a autoridade monetária retomou o 'forward guidance' na última reunião, comunicando a intenção de elevar a taxa básica de juros em um ponto percentual nas duas primeiras reuniões de 2025.

O que mudou da última reunião, em dezembro, para hoje?

Da última reunião dos membros do Copom para hoje, os agentes de mercado elevaram a previsão da inflação todas as semanas. Nesta segunda-feira (27), a previsão de inflação para este ano foi de 5,5%, na 15ª elevação seguida. O cenário de hoje torna, portanto, mais desafiadora a condução da política monetária para trazer a inflação brasileira de volta para a meta (de 3% com tolerância até 4,5%). Por isso o mercado espera um comunicado duro.

O Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos e coordenador de Economia e Finanças da ESPM, foi claro ao me explicar isso:

"Esse empenho do governo em turbinar o gasto público, traz inflação. A pergunta é, esse BC que começou a trabalhar há três semanas, vai efetivamente trabalhar para entregar a meta que é 3% ou vai para o teto, de 4,5%? Não sabemos. Precisamos ler o comunicado, e ele tem que ser duro, porque a projeção de inflação subiu no Focus, que reúne mais de cem casas que fazem o trabalho das projeções. E o IPCA-15 também veio ruim. Não podemos esperar milagre para 2025".

Na previsão da Way Investimentos, os juros ficarão em 14,75% em 2025 com inflação de 5,4%. "Para colocar a inflação no centro da meta, o BC teria que elevar os juros a 17,5%".

Quais as sinalizações do Copom?

Há duas semanas, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse que a barra para alterar o forward guidance é alta, sinalizando uma tendência de se manter a sinalização caso não haja mudança de cenário. Ele também lembrou que o motivo para o Copom ter adotado o forward guidance: a materialização dos riscos, de um cenário que antes era considerado 'incerto' para um cenário que se tornou 'adverso'.

Apesar disso, há casas, como a XP, que apostam na retirada do plural no parágrafo do forward guidance, ou seja, acreditam que o Copom não manterá a sinalização de elevação para a reunião de maio.

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O primeiro Copom de 2025

Não é só Galípolo que estreia no comando da autoridade monetária em 2025. No início de janeiro tomaram posse três novos diretores indicados pelo presidente Lula: Izabela Correa assumiu a vaga de Carolina de Assis Barros na diretoria de Relacionamento, Gilneu Vivan substituiu Otávio Damaso na Diretoria de Regulação e Nilton David é o novo Diretor de Política Monetária, no lugar de Gabriel Galípolo, que assumiu a presidência.

Com a nova configuração, a nova taxa básica de juros será definida por sete diretores indicados pelo presidente Lula e dois indicados pelo presidente Bolsonaro. Entre os dois indicados por Bolsonaro está Diogo Guillen.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

64 comentários

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Laurent Wilhelm Blaha

Vai aumentar os justos por culpa do Guedes, Campos, Bolsonaro, Michele, Trump, Carnaval, férias, Corinthias , Palmeiras .. Santos … Neymar .. O povo ainda acredita neste desgoverno !!! Inacreditável 

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Laurent Wilhelm Blaha

Ué?? Não ia abaixar o juros? Que o Campos aumentava porque era queridinho do Bolsonaro? Não entendo mais nada.. Só mentiras 

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Vander Aparecido de Araujo

Com certeza o tom será: 'culpa dos outros' é claro e evidente. 

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