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Dólar cai no dia, mas acumula alta de 60% em 12 meses

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Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

26/08/2015 19h23Atualizada em 26/08/2015 19h23

dólar comercial fechou em queda nesta quarta-feira (26), mas continuou no patamar de R$ 3,60: valendo R$ 3,601 na venda. Há exatamente um ano, em 26 de agosto de 2014, a moeda norte-americana tinha fechado a R$ 2,264. Isso representa um salto de 60,33% em 12 meses.

Durante o pregão de hoje, o dólar chegou a atingir R$ 3,65, mas depois inverteu a tendência e fechou em baixa. Nas três sessões anteriores, no entanto, a moeda tinha fechado em alta de mais de 1%, acumulando valorização de 4,3% nesse período. 

O movimento dos últimos dias teve como pano de fundo preocupações com a desaceleração da economia chinesa, a possibilidade de alta de juros nos EUA no próximo mês e o quadro político conturbado no Brasil.

"O mercado está repleto de incertezas", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, à agência de notícias Reuters.

China e a segunda-feira negra

A Bolsa da China caiu pelo terceiro dia seguido, mesmo após o governo chinês cortar taxas de juros e subir o limite de crédito dos bancos para estimular a economia.

Na segunda-feira (24), o tombo foi de 8,5% e arrastou o mercado financeiro do mundo todo: da Ásia, Europa, EUA e também do Brasil --a Bovespa chegou a cair 6,5% durante o pregão e fechou com perdas de 3%. Foi apelidada de Segunda-feira Negra.

A desaceleração da China preocupa porque o país é um dos maiores importadores do planeta e um dos maiores compradores de matérias-primas (chamadas de commodities), como ferro e petróleo. Portanto, quanto o ritmo da economia chinesa diminui, isso afeta toda a economia mundial. O país também é um grande exportador.

EUA e a alta dos juros

Os investidores também ficam de olho nas notícias dos EUA, à espera de sinais sobre o que o banco central norte-americano vai fazer com os juros. 

Alguns acreditam que o Federal Reserve possa elevar os juros nos EUA já em setembro. Porém, essa decisão depende da situação do emprego e da inflação no país.

Assim, quando são divulgados números fortes sobre a economia norte-americana, mais investidores passam a apostar na alta dos juros no mês que vem. Por outro lado, dados ruins fazem os analistas crerem que o BC dos EUA vai colocar o pé no freio e adiar a decisão.

Se os juros subirem nos EUA, a tendência é que migrem para lá recursos atualmente investidos em outros mercados, entre ele o Brasil. Com menos dólar por aqui, a moeda tende a ficar mais cara.

Bagunça política

No Brasil, o quadro político conturbado também pesou sobre o ânimo dos investidores.

Ontem, a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) votou pela continuidade da ação que pede a cassação da presidente Dilma Rousseff.

Incertezas sobre a possibilidade de ela não terminar seu mandato têm provocado intensa pressão sobre os mercados financeiros locais.

Atuações do BC

A instabilidade no mercado de câmbio foi acentuada também pelas incertezas em relação à intervenção do Banco Central no câmbio. O dólar caro tende a fazer a inflação subir e o BC poderia adotar medidas para conter essa alta.

"Na última vez em que o dólar subiu com tanta força, o BC agiu, mas agora está dando de ombros", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato, à Reuters.

Qual o limite?

Na última pesquisa feita pelo BC junto a economistas, a previsão é de que o dólar termine este ano a R$ 3,50

Alguns analistas, no entanto, acreditam que há espaço para o dólar subir ainda mais com as turbulências externas atingindo o Brasil em momento de deterioração econômica acentuada e sem desfecho à vista para a crise política.

A marca de R$ 4, atingida pela primeira e última vez em 10 de outubro de 2002, antes da eleição de Lula, virou uma referência nas análises sobre o quanto a moeda americana ainda pode andar, segundo a agência Bloomberg. Alberto Ramos, do Goldman Sachs, e Bernd Berg, do Societé Générale, estão entre os analistas que passaram a considerar o dólar a R$ 4, em diferentes prazos, em suas previsões recentemente.

(Com Reuters, Valor e Bloomberg)